Pov Gizelly
O clima leve do restaurante era único. Embora o estabelecimento não fosse tão grande quanto os que normalmente frequentávamos, este possuía um caráter super aconchegante.
O ambiente continha uma arquitetura antiga, porém bem conservada e haviam diversas mesas cobertas para os clientes que gostavam de ar livre.
Os móveis amadeirados com grandes luminárias e o enorme balcão compunham a cena. Nas paredes, existiam vários quadros de obras minimalistas, porém sem destoar da paleta de cores.
Eu não saberia, mesmo que tudo estivesse diante dos meus olhos, detalhar com precisão. Contudo, minha namorada, devido à sua formação, conseguiria fazer isso com um aproveitamento absurdamente melhor do que o meu.
Outra razão eram os meus pensamentos fervilhantes que me tiravam o juízo a todo instante, ainda mais depois da visão anteriormente protagonizada pelo chefe de Rafaella.
Durante todo o caminho até aqui conversamos como o usual. Confesso que me esforcei mais do que o necessário para não transparecer nenhuma espécie de ciúmes.
Afinal, eu já havia demorado para superar o fato de a mineira ter mudado de trabalho, embora eu tenha ciência que isso realmente precisasse ser feito, contudo não queria dar brechas para que a mesma soubesse de minha mais nova insegurança com relação a Rodolffo.
Pelo menos não enquanto tudo não passasse de suposições de minha mente.
Ao contrário de mim, que ouvia mais do que falava, minha namorada tagarelava sem parar em um misto de excitação com euforia. Não soube explicar o real motivo de tudo aquilo, mas assim que a conversa fluiu, comecei a entendê-la melhor.
Pov Rafaella
Eu estava em mais um dia de trabalho normal quando minha capixaba me convidou para um almoço, o qual aceitei prontamente. A propósito, fome era o que não me faltava.
Desde a semana passada observei que Gizelly estava um pouco inquieta e até calada demais. Nós até já havíamos discutido anteriormente sobre ela não ser tão comunicativa quanto eu, na maioria das vezes, contudo não achei que este seria o verdadeiro motivo.
Talvez apenas fosse o excesso de trabalho que se aliou ao fator de minha saída meio que repentina de sua empresa. Tudo bem que eu não ocupava um alto cargo, mas minhas antigas funções estavam intimamente relacionadas com a advogada e seu dia a dia agitado.
Apesar de tudo, eu estava feliz. Feliz com nós duas, com o novo emprego e até mesmo com a boa escolha do restaurante. Nunca tínhamos estado no local e, para a minha surpresa, as nossas expectativas estavam sendo enormemente supridas, a começar pelas porções dos pratos.
- Porque está rindo? - questionou com a sobrancelha levemente arqueada.
- Estou contente - dei de ombros.
- Com o quê?
- Acho que com tudo - suspirei - Sabia que hoje o Rodolffo veio me pedir desculpas?
- Sério? - levou a taça à boca.
- Sim. Você viu. Foi ainda a pouco, antes de eu entrar no seu carro.
- Ah, sim.
- Ele me chamou e se desculpou pela forma como vinha me tratando. Na verdade, já estava em tempo de ele se desculpar mesmo. Afinal, o homem me contratou e sempre agia como se eu fosse invisível.
- E porque ele fez isso?
- Se arrepender? Não sei ao certo. Talvez a Beatriz, que é o braço direito dele dentro da empresa, tenha chamado sua atenção.
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O TRATO - Girafa
FanfictionRafaella Kalimann é uma golpista que deixa suas involuntárias vítimas atormentadas quando percebem que foram usadas e roubadas de tudo, incluindo seus corações. Mas a dinâmica muda quando seus dois últimos alvos - Pedro e Alice - se juntam para ir a...