Capítulo 26 - Surgiu um contratempo

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Pov Rafaella

As batidas frenéticas da música que tocava no fone de ouvido me davam impulso para continuar.

Recentemente resolvi começar a correr pelas manhãs antes do trabalho. Era um hábito que eu sempre tive e que estava retomando aos poucos. 

Os primeiros dias foram péssimos e eu não aguentava dar a volta em muitos quarteirões. Depois de um tempo naquela rotina, eu já estava me adaptando. Inclusive, agora eu conhecia melhor o bairro no qual morava e já sabia me localizar melhor na região. 

Era um tempo gasto apenas comigo e para mim.

Confesso que eu não estava acostumada a me cuidar tão bem quanto agora. Eu me via livre de todas as amarras nas quais estava aprisionada. Era algo novo e leve.

A única prisão na qual eu não poderia me ver livre era a que eu entrava todas as vezes que encarava certo par de olhos castanhos. 

Gizelly era minha perdição. 

Eu sempre pensava no quão bizarro foi o começo de minha relação com a advogada. Ela sempre deu um jeito de superar minhas expectativas, mesmo as de má fé. Ela sempre foi imprevisível e intensa em tudo e acho que isso me fez prender-me a ela. 

Eu estava chateada com a atitude da mesma com relação a Bianca. Éramos apenas amigas.

Tenho que admitir que Bia sempre dava a entender que poderíamos evoluir nosso relacionamento mas sempre cortei suas ações e ela sempre manteve o respeito. Não passaria disso.

Ontem foi a primeira vez que enfrentei Gizelly por algo mais sério e não me arrependo. Eu sei que também lhe fiz cobranças indevidas, porém ela estava errada e realmente precisava ter certeza do que queria comigo. 

Quase não resisti ao vê-la sem palavras e tão próxima a mim. Nossas respirações estavam muito próximas e nossos corpos colados estavam ofegantes devido a espécie de nervosismo que pairava sobre nós. 

Se ela me desse uma chance real, eu lutaria por nós e tentaria desfazer toda a confusão na qual eu sei que a coloquei. Eu tenho ciência de que, se ela estava confusa, era devido aos problemas provenientes daquele estúpido trato. 

O sol já estava mais alto quando percebi que passei tempo demais em meus devaneios e que já estava muito longe de casa. Precisava voltar rapidamente, senão me atrasaria para o trabalho. 

Retornei ao apartamento e tomei um café de forma rápida. Logo terminei de me arrumar e pedi um Uber, me encaminhando a mais um dia no escritório. Eu estava gostando daquela rotina. 

— Bom dia, Rafinha. - minha colega se aproximou após me ver entrar em sua sala. 

— Bom dia, Bia. 

— Pensei que você ia estar de ressaca depois do tanto de bebida de ontem depois que sua chefe saiu. 

— Pois é… falar nisso, ela já chegou? - desconversei. 

— Já sim. Chegou bem cedo de cara fechada e se trancou na sala dela. Não sei que bicho mordeu ela. Ou melhor, talvez a Fernanda tenha feito isso. - disse enquanto teclava alguma coisa no computador a sua frente. 

— Eu vou lá avisar que cheguei. 

Me dirigi à sala de Gizelly, que estava num humor insuportável.

Tentei ser o mais sucinta possível em nossas interações pois sabia o motivo de sua chateação e não queria dar pauta para ele agora. 

A capixaba resolveu me deixar a par de uma ação judicial que estava sendo movida contra um cliente.

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora