Capítulo 2 - Temos um acordo!

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Uma semana depois

Pedro estava ali sentado na sua frente enquanto dividiam uma mesa naquela cafeteria próxima à sua casa. O moreno de em média uns 26 anos, cabelos pretos, dentes brancos, olhos castanhos e barba mal feita devorava um pão de queijo enquanto tentava consolar Alice.

Ela havia descoberto que ele era ex de Rafaella e que com muito custo havia descoberto aquele número de telefone. Rafaella possuía dois números de celular quando namorava com ele e aquele era um desses. Alice não entendeu ao certo a questão dos números mas decidiu que não adentraria nesse assunto pois queria saber mais sobre o que a intrigava.

— Então você é ex dela?

— Sim. 

— 6 meses atrás vocês estavam namorando?

— Sim - O homem ainda comia.

— Como se conheceram? 

— Numa festa de aniversário do primo de um amigo meu. E vocês? Como se conheceram?

— Numa cafeteria. Outra, não essa.

— Ela te largou?

— Sim.

— Deixou um bilhete?

— Sim.

— Ela fez o mesmo comigo. 6 meses atrás. Inclusive a parte do roubo, porque claramente você deve estar quebrada.

— Que roubo?

Alice não acreditava no que ouvia e muito menos em como as histórias batiam. Rafaella tinha jurado amor àquele homem e também havia partido seu coração e sua carteira. Pedro era um jovem empresário que morava em um bairro de classe alta na cidade do Rio de Janeiro. Alice também morava perto.

A fotógrafa de sucesso agora se via sem chão. Não se tratava apenas do dinheiro mas do tempo gasto, das expectativas criadas e tudo mais. Pensando bem, se tratava de tudo. Tudo o que envolvia Rafaella e aquele espetáculo sujo que fora montado para prejudicar ambos.   

— Será que ela já fez isso mais vezes? - Perguntou o homem que agora chamava o garçom para pedir a conta já que Alice não tinha um real sequer.

— Não sei mas não vou correr atrás dela. Pelo menos não agora. 

— Meu Deus. Será que você não vê? Não se trata de correr atrás do predador. É sobre correr atrás da próxima vítima. 

—  E quem você acha que eu sou? Algum detetive policial?

— Podia ser porque desconfiada já é. - disse rindo das expressões da mulher.

— Eu não vou me gastar ainda mais pra isso.

— Você tem alguma coisa ainda a perder? Porque eu não mais.

Pedro estava certo. Não se podia ficar de braços cruzados sabendo que Rafaella aplicaria seu golpe barato em mais alguém. Só porque ela tinha enormes olhos verdes, uma boca linda e um corpo espetacular ela poderia se safar dessa? Eles não deixariam. 

—  Tudo bem - disse a mulher saindo do restaurante.

— Tudo bem o quê? - Pedro aciona o alarme e abre a porta de seu carro seguido por Alice que também adentra o veículo. 

— Eu topo tentar achar a próxima vítima. Quem sabe a gente não seja tão trouxa assim e consiga mesmo achar. Daí a gente vira detetive e ganha um dinheiro extra.

— Nem dinheiro a gente tem quanto mais dinheiro extra. Quer chiclete?

— Meu Deus. - a mulher revira os olhos ainda sem saber se aquilo estava mesmo acontecendo. 

— Eu só quero ver a cara dela quando a gente se encontrar. Tipo, nós dois e ela. - o homem agora dirigia calmamente enquanto em seu carro tocava um mpb qualquer em volume baixo. 

— Espera aí. Eu não vou me encontrar com ela. O combinado foi ajudar a vítima. Eu não quero ver nunca mais a fuça daquela vagabunda. Nós vamos encontrar, sabe Deus como, a próxima vítima dela, conversar com a pessoa e cair fora.

— Que seja. - o moreno desconversou e seguiu caminho.

— Então temos um acordo. - Alice trocou o som do rádio para um rock bem mais barulhento e aumentou o volume.

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora