Capítulo 52 - Novo assistente

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Pov Rafaella

Eu estava em minha sala em meio a alguns papéis que me auxiliavam na escrita de certos relatórios. 

Eu não gostava de atrasar serviço e preferia fazer tudo o que podia o quanto antes do que acabar deixando para depois. Afinal, aprendi que isso me pouparia estresse. 

Com este mesmo intuito, cheguei mais cedo que o normal. 

Em casa, adiantei tudo o que podia e até deixei de rodar meus tão conhecidos quarteirões em minha corrida matinal. Eu estava sendo diligente tal qual fui cuidadosamente ensinada. 

Ao contrário de mim, muitos ali viam as horas passar vagarosamente e, pelo que eu até então tinha percebido, eles não faziam questão de mudar tal atitude. 

Era preferível atrasar seus afazeres e empurrar o inteiro expediente com a barriga do que se movimentar a fim de fazer alguma coisa. 

Pensei de este talvez ser o motivo de o meu chefe andar sempre irritado e de cara fechada. 

Talvez fosse pela raiva que os demais funcionários com sua exorbitante lentidão o proporcionavam. Ou talvez fosse pelo fato de o homem ser mais chato do que o costumeiramente esperado para o dono de uma grande companhia. 

Por falar nele, o mesmo estava a alguns bons minutos andando de um canto a outro de seu escritório enquanto continha seu aparelho celular próximo ao ouvido. Provavelmente aquela seria uma ligação importante e, a julgar pela sua impaciência, aquilo o gerava alguma ansiedade. 

Não que eu estivesse observando as ações do homem de forma investigativa, mas a maioria das salas dali possuíam enormes janelas de vidro, o que dava um ar mais claro ao local e até, ao meu ver, deixava-o mais bonito. 

Por isso, era possível olhar tudo o que ele estava fazendo. 

Me peguei rindo pois provavelmente eu devia estar curiosa em relação ao mesmo. Afinal, nem havíamos trocado uma mísera palavra dentro de dois dias. 

Tudo bem que eram apenas dois dias, contudo o bendito homem havia me contratado, assinado papéis que continham meu nome e pagaria por meu serviço. Seria ao menos interessante saber quem ele estava tendo ao seu lado. 

Após perder tempo vagueando em minha própria mente, voltei aos relatórios.

(...)

Pov Gizelly

Assim que cheguei, Bernardo estava me esperando e distribuía sorrisos largos para todos. Contudo, eu logo percebi que aquilo era o que o garoto estava usando para disfarçar seu nervosismo. 

No meu primeiro dia eu também fiquei nervosa. Eu já estive quase na mesma posição que o jovem agora sentado ao meu lado. 

Eu sabia o que era tremer por estar diante de alguém que você admira. Ou melhor, por trabalhar com alguém que você admira. Entretanto, mantive minha costumeira formalidade. 

Eu poderia tê-lo deixado em sua sala, a que anteriormente pertencia a Rafaella. Porém, eu o havia pedido para fazer uma varredura em meus emails e descartar tudo o que não me servia, o que me gerou estresse, pois o mesmo ficou o tempo inteiro tocando o ramal a fim de me perguntar o que deletar ou manter. 

— Tem email de desconto na loja de móveis - falou.

— Pode apagar. 

— Não quer mesmo guardar? Vai que a senhora queira comprar algo. - deu de ombros. 

— Não quero. Pode apagar. 

— Tudo bem. 

— Ah, não precisa me chamar de senhora. Me faz parecer ter mais de sessenta. 

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora