O TRATO - Girafa

Capítulo 54 - Tempo

Pov Gizelly

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— Mas e então, preparada?

— Super - respondeu confiante. 

—  Você sabe o quanto eu gostaria de ir com você, né?

— Eu sei, amor. 

— É que foi tudo muito em cima da hora. - me justifiquei pela milésima vez em menos de vinte e quatro horas. 

— Tá tudo bem e vai ser algo rápido. Não faria sentido você desmarcar um dia inteiro de trabalho só pra isso - sorriu levemente como que me consolando.  

— Mesmo assim eu faria - admiti. 

— Eu não tenho dúvidas disso. 

— Mas e ontem, deu tudo certo?

— Só depois de muita discussão. No fim das contas, nenhum dos dois estavam errados. Só que… o proprietário tinha assinado de um jeito e feito acordo por fora de outro. 

— Burrice. - sentenciei. 

— Sim. Pelo menos eu tinha uma cópia do arquivo e acabou sendo útil. Eles ficaram felizes comigo.

— A partir de agora vão te tratar a pão de ló. Vai ser a estagiária mais famosa da empresa. 

— E finalmente descobri o ponto fraco do homem.

— Qual? - questionei. 

— Dinheiro. Foi só temer perder dinheiro que até meu nome aprendeu.  - falou com obviedade. 

— Olha só: agora ele te conhece. - bati palmas em deboche. 

— Agora eu tenho um nome. Prazer, Rafaella - estendeu a mão e eu sorri. 

— No próximo acerto ele aprende o sobrenome - garanti vendo-a revirar os olhos.  

— Que saudades de trabalhar pra você - choramingou fazendo um bico adorável que, se eu estivesse vendo-o pessoalmente, trataria de carinhosamente desfazê-lo. 

— Também. Pensando bem, talvez ainda dê tempo de te trocar pelo Bernardo. Seu chefe nem vai perceber. 

— Que horror. - afirmou enquanto ria. 

— A Thelma mandou mensagem. Eles chegam daqui a pouco - informei. 

Eu estava numa lanchonete do aeroporto esperando minha sócia juntamente com Bernardo para embarcarmos em pouco mais de uma hora. 

—  Ainda bem que ainda tem tempo. E a Bia, será que vai fazer alguma compra internacional com os cartões da empresa?

Como eu e Thelma iríamos nos ausentar, eu havia deixado Bianca à frente do escritório. Tudo bem que seria por apenas um único dia, mas de qualquer forma, exigiria responsabilidade.

Minha namorada, desde o início de minha ideia, teve fé de que a advogada fosse dar conta de tudo e que não ocorreriam dificuldades. Contudo, ela sempre me perguntava sobre minha decisão com o objetivo de tripudiar de minhas feições. 

Rafaella achava engraçado o “desespero estampado em minha face”, como ela mesma falava.  

— Eu disse que ela só gastasse com o necessário. Não é possível que ela vá fazer besteira. 

— Será? - cerrou os olhos claramente querendo implantar alguma teoria conspiratória em minha mente. 

— Para com isso, Rafaella. Pelo amor de Deus! Se a Bianca me falir em um único dia, eu acabo com ela.