Sol e Lua

Capítulo 49.

Narrador (a): Elathan

É impressionante ver como tudo mudou em tão pouco tempo. Abaddon e Cerberus estão mortos. Hannibal nem dá mais atenção ao sacerdócio, só pensa em se vingar da rainha Lilith por ela o ter dispensado. E Jason... esse aí fugiu e sabe-se lá pra onde ele foi, ou talvez esteja morto. Só sobrou apenas eu. Mas nem mesmo eu ficarei aqui quando essa guerra terminar. Eu irei embora, construirei uma vida com o meu irmão, a minha cunhada. Quem sabe até... não encontro alguém para formar uma família. Mas enquanto esse momento não chega, eu terei que ficar onde eu estou. E nesse momento, aqui eu sou indispensável, já que eu sou o único sacerdote que está com um neurônio sobrando. As sacerdotisas, cada uma a seu modo, estão completamente foras de si.

Jilaya: - Falando sozinho, Elathan?

Elathan: - Que susto, Jilaya! Não faça mais isso.

Jilaya: - Sei bem o que está pensando. E não. Eu não estou louca.

Elathan: - Que alívio.

Jilaya: - Sem ironias, Elathan. É sério. Tudo que eu mais quero é sair desse lugar.

Elathan: - E vai levar a sua pequena aprendiz com você?

Jilaya: - Creio que Yanar e eu seguiremos caminhos distintos, mas...

Elathan: - Mas?

Jilaya: - Se quiser uma companheira, eu estarei disponível.

Para minha surpresa, ela se aproximou de mim e me beijou. Quer dizer, eu não nego que senti uma atração por Jilaya na primeira vez em que nos vimos, mas... bom, eu guardei pra mim mesmo. Nunca passou pela minha cabeça que talvez ela sentisse a mesma coisa por mim. Eu sempre fui o tipo tímido, centrado. Nunca me abri muito para o amor. Para os que vivem no reino das sombras, isso é algo totalmente proibido, uma fraqueza. Mas esse beijo... esse beijo me fez sentir algo que eu não sei explicar, mas foi como se eu sentisse forças pra enfrentar absolutamente tudo. Até mesmo Bezalel.

Jilaya: - Desculpe.

Elathan: - Está tudo bem. Eu só...

Jilaya: - Eu sei. No começo, eu fiquei negando pra mim mesma, mas quando você foi sequestrado...

Elathan: - Jilaya, aconteceu muita coisa enquanto eu estava com os guerreiros da lua.

Jilaya: - Como assim?

Elathan: - O general deles é meu irmão. E eu...

Jilaya: - Então é você que tem passado informações?

Elathan: - É.

Jilaya: - Ei, agora você tem a mim. Eu estarei sempre ao seu lado.

Elathan: - Obrigada. Mas agora eu... eu preciso ir. Tenho uma coisa a fazer.

Jilaya: - Conte comigo.

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Narrador (a): Castor

Sinceramente, eu não aguento mais. Maia também não. Há dias, nós estamos lidando com soldados das sombras. Mas as batalhas não estão sendo fáceis. Pelo contrário, parece que quanto mais o tempo passa, mais difícil as coisas ficam. Outro dia, a Maia quase foi ferida, depois o general Arcturo por pouco não morreu também. E a Merope... bom, ela foi ferida na perna uma vez. E isso deixou todos nós desesperados. Por sorte, não aconteceu nada com ela. Mas por conta disso, ela não está mais participando das batalhas. Ainda mais porque... bom, quando trataram dela, foi descoberto que ela está grávida. Todos nós ficamos felizes, mas ao mesmo tempo, temerosos.

Maia: - Mais um batalhão derrotado.

Castor: - Ao menos isso.

Maia: - Adivinha quem está entre os mortos?

Castor: - Quem?

Maia: - Leviathan e Pazuzu.

Castor: - Não acredito. Isso é sério?

Maia: - Sim.

Castor: - Isso sim é uma excelente notícia.

Maia: - Agora o exército está desfalcado.

Castor: - É. Agora nós estamos a um passo de invadir o reino das sombras e matar Bezalel.

Maia: - E dá um fim no reinado de terror dele.

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Narrador (a): Aquiles

Finalmente, depois de dias de luta, eu tive um tempo pra ir passear com a Dandara. Nesses últimos dias, ela e eu ficamos mais tempo enfrentando Bezalel do que descansando. Durante boa parte do passeio, eu fiquei olhando pra ela que nem um abobalhado. Quer dizer, ela sempre foi linda, mas... depois que se tornou uma guerreira do sol, assim como eu, ela ficou resplandescente. Como se fosse o próprio sol em pessoa. A minha vontade era de agarrar ela e beijar ela, mas... bom, eu prefiro evitar o risco pra não ter sérios machucados.

Dandara: - O que foi?

Aquiles: - Nada.

Dandara: - Desembucha.

Aquiles: - Você tá linda.

Dandara: - Só notou isso agora?

Aquiles: - Não! Quer dizer, você sempre foi linda, mas agora...

Dandara: - Ah tá.

Aquiles: - Tá, eu sou um asno.

Dandara: - Ainda pensa em seguir a vida acadêmica?

Aquiles: - Não. Eu... penso em começar a trabalhar.

Dandara: - Isso é bom.

Aquiles: - E em construir uma vida com você.

Dandara: - É sério?

Aquiles: - É. Bom, eu sei que essa não é a melhor forma de se pedir alguém em casamento, mas...

Ela me beijou na boca. Foi um beijo suave e até... desengonçado. Bom, a Dandara e eu sempre fomos tudo, menos convencionais. A gente sempre teve um jeito único de fazer as coisas. E eu gosto disso porque... apesar dela e eu nunca termos dito um eu te amo na vida, sabemos que não é preciso isso pra se demonstrar amor. Ela e eu demonstramos isso até nos pequenos gestos. E continuaremos demonstrando até o fim da vida.

Continua...