Capítulo 03.

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Narrador (a): Bezalel

Eu realmente sou um afortunado. Isso é o que os mortais dizem quando conseguem alguma coisa. Tolos, se soubessem o real significado dessa palavra... mas o que esperar de tolos que não conseguem enxergar um palmo sequer diante do nariz? Eles sempre buscam a explicação mais difícil pra qualquer coisa. São patéticos. Esse é o grande male deles: a mente completamente atrasada.

Bezalel: - Como estou Samara?

Samara: - Elegante como sempre, meu senhor.

Bezalel: - Eu estou sempre elegante.

Samara: - Eu não consigo encontrar mais palavras para defini-lo, meu senhor.

Bezalel: - Então não fale mais nada. Você fica bem melhor de boca fechada.

Samara: - Sim, meu senhor.

Bezalel: - E lembre-se, eu não quero nenhum escândalo. Ouviu?

Samara: - Sim, meu senhor.

Bezalel: - Ótimo. É assim que eu gosto.

Segui direto à sala do trono, onde vi minha esposa e os meus filhos se divertindo à vontade. No meu reino, todos vivem completamente nas sombras. Mas quando se tem mais de mil anos de idade, pode-se fazer tudo. Dá para aproveitar o tempo para fazer algo bom ou algo ruim. E no meu caso, eu prefiro usar o tempo para provocar o que sei fazer de melhor: sofrimento e destruição.

Abaddon: - Tenho boas notícias.

Bezalel: - E quais são?

Abaddon: - Parece que a flor do sol está com a família Ravi.

Bezalel: - Ótimo. E como está meu filho?

Abaddon: - Se recuperando.

Bezalel: - Ótimo. Quando Amon se cansar de correr atrás da minha primogênita, mande que ele venha até mim.

Abaddon: - Pretende organizar uma comitiva?

Bezalel: - Não. Pretendo matar membro por membro da família Ravi até que eles me digam onde está a flor do sol.

Abaddon: - Você pretende...

Bezalel: - Você sabe que eu não quero destruir as flores.

Abaddon: - Eu sei, irmão. É mais fácil extrair todo o poder das flores até não sobrar nada.

Bezalel: - Quando eu finalmente tiver o que quero em minhas mãos, quero ver se os mortais ainda acreditarão se a luz é mais forte do que as trevas.

MAIS TARDE...

Quando toda a festa acabou, fui até o quarto de Deimos juntamente à Lilith para vê-lo. Apesar dela ser a esposa e deusa mais infiel do mundo, ela é uma boa mãe e se preocupa com os três filhos, isso eu tenho que admitir. Eu também me preocupo, embora saiba que nenhum dos três precise de proteção. Minha primogênita é a personificação da raiva e da cólera, meu filho a do pânico e do terror, já a minha caçula... é a amargura em pessoa.

Lilith: - Precisa mesmo organizar toda essa pompa?

Bezalel: - Você sabe que a família Ravi...

Lilith: - Não é uma família qualquer. Eu sei disso.

Bezalel: - E o que você sugere que eu faça?

Lilith: - Por que não os mata com as suas próprias mãos?

Bezalel: - Você sabe que nada me daria mais prazer, mas eu prefiro deixar isso para o nosso filho.

Lilith: - É bom que não esteja me escondendo nada Bezalel, você sabe do que eu sou capaz.

Bezalel: - Eu sei. E como sei.

Lilith: - Acho bom.

Bezalel: - Você realmente sabe como seduzir um homem.

Lilith: - Você também tem seu charme, meu marido.

Eu odeio fazer coisas muito... humanas. Fazem com que eu me sinta fraco. Mas a Lilith realmente tem um poder de sedução que deixa qualquer homem louco. Ninguém recusa os seus encantos, isso é o mesmo que pedir para morrer. Ao menos para alguém comum. Nós temos discussões acaloradas e tudo mais, só que... nós sabemos nos entender bem de outras maneiras. Bem até demais.

Continua...

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