Capítulo 44.

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Narrador (a): Chantrea

A festa de casamento foi de fato muito linda. Eu estava indo dormir quando... enfim, quando eu passei pela sala de reuniões e escutei o meu pai dizendo que está deixando o cargo de primeiro sacerdote para ir para um retiro. Parece que a doença que ele contraiu através da mistura entre o pó negro e pó lunar não foi totalmente erradicada. Eu fui para o meu quarto completamente desnorteada, sem saber o que fazer. O meu pai é a única pessoa que eu tenho nesse mundo e saber que dentro dele tem algo que pode levá-lo à morte é completamente assustador. Mas o que me consola é saber que pelo menos, a senhora Neoma irá com ele. No meio de tanta apreensão, alegria, ansiedade e com o sequestro da Lucine, ela ainda encontra forças pra ajudar um amigo.

Qamar: - Eu posso entrar?

Chantrea: - Como vai segundo sacerdote? Ou será que devo chamá-lo de primeiro sacerdote?

Qamar: - Eu não quero que pense que eu estou tomando o lugar do seu pai.

Chantrea: - Eu jamais pensaria isso de você. Sempre foi um grande amigo do meu pai e eu tenho certeza de que fará o que puder pra impedir Bezalel de cumprir com seus objetivos.

Qamar: - Eu agradeço a confiança. E quero que saiba que pode contar comigo sempre.

Chantrea: - Obrigada. Agora... eu preciso ficar um pouco sozinha e colocar os pensamentos em ordem.

Qamar: - Claro. Fique à vontade.

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Narrador (a): Lucas

Lissa e eu nos encontramos no nosso lugar de sempre. Nos beijamos e tivemos uma noite bem quente. Eu reparei que ela estava com um olhar de incerteza. Provavelmente, deve tá um pouco receosa porque sabe que se me contar algo, eu posso dizer pra minha família ou pros meus amigos. Eu não nego que enquanto ela e eu nos beijávamos, uma chuva de lembranças veio na minha cabeça. Eu conheci a Lissa num momento em que era uma pessoa super imatura. Sendo a personificação da raiva, ela soube lançar os poderes dela pra me envolver. Mas aí, com o tempo, eu fui amadurecendo e entendendo certas coisas e... enfim, eu sei que bem no fundo, ela sentiu que a influência dela sobre mim enfraqueceu, mas continuou comigo como uma forma de passatempo.

Lissa: - O que foi?

Lucas: - Eu acho que... chegou o tempo de fazermos uma escolha.

Lissa: - Como assim?

Lucas: - Lissa, a gente se conheceu numa época em que eu era bem rebelde. E eu sei que você...

Lissa: - Eu me aproveitei disso. Não nego. Achei que poderia fazer se voltar contra a sua família, mas isso não aconteceu.

Lucas: - É. E você só continuou comigo pra conseguir informações pro seu pai, mesmo sabendo que a sua influência sobre mim tinha enfraquecido.

Lissa: - Não foi só por isso. Lucas, pode parecer que não, mas eu também tenho um lado humano.

Lucas: - O que quer dizer com isso?

Lissa: - Eu sou a personificação da raiva e da fúria, mas acabei rendida pelo poder do amor. Do seu amor. Eu confesso, fiquei com você pra transmitir informações ao meu pai sim, mas eu também me apaixonei por você. De verdade.

Lucas: - Mas esse amor não é o bastante pra... você largar tudo e vim viver comigo não é?

Lissa: - Como você me disse uma vez, a família vem em primeiro lugar. Mas você tem razão. É tempo de fazer uma escolha. Você escolheu um lado, e agora chegou a minha vez de escolher um.

Lucas: - Eu não quero te pressionar.

Lissa: - Você não precisa me pressionar. Eu sabia que um dia, esse momento ia chegar e ele chegou. Eu... fiz a minha escolha.

Lucas: - E essa escolha foi... a sua família?

Lissa: - Por um tempo, sim. Mas agora, eu escolho você e o seu amor. Eu ainda vou continuar no reino das sombras, mas só por enquanto.

Lucas: - A Lucine tá lá.

Lissa: - Eu vou tentar achar ela. E assim que eu conseguir, darei um jeito de fugir dali.

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Narrador (a): Jilaya

Tinha acabado de voltar do meu banho quando vi a Yanar com uma cara que pareceu ser um misto de choque, felicidade e surpresa ao mesmo tempo. Isso é uma coisa bem rara de se ver, ainda mais por aqui. Enfim, ela disse que tinha ido a cela da senhorita Aibek e a mesma contou que o amiguinho dela estava vivo e morando no templo do sol. Parece que ela está querendo fugir para reencontrá-lo. Sinceramente, Bezalel e seus capangas estão tão loucos que a maioria de todos aqui estão pensando em fugir. Mas isso também pode ser uma excelente oportunidade para que eu possa me vingar do Deimos.

Yanar: - No que está pensando?

Jilaya: - Numa possibilidade de fuga.

Yanar: - Isso é ótimo.

Jilaya: - Eu não aguento mais ficar nesse lugar. É insuportável fingir ser algo que eu não sou.

Yanar: - Eu sei. Isso é insuportável mesmo.

Jilaya: - Mas... a senhorita Aibek pode fugir também.

Yanar: - Mas ela passa a maior parte do tempo na cela dela sendo vigiada por guardas.

Jilaya: - Mas vai ter uma ocasião em que ela vai sair. No dia que seria o casamento dela com o príncipe Deimos.

Yanar: - Hum. E quando vai ser isso?

Jilaya: - Se depender do príncipe, o mais rápido possível.

Continua...

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