Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)

As cores nos braços - 11

          Dentro do esgoto não há classes sociais, a divisão é feita pelos braceletes de identificação separados por cores. Os vermelhos são pessoas que foram capturadas pelos carniceiros e tragas a força, os amarelos são refugiados que não aguentaram a vida lá fora e pediram abrigo, os verdes são funcionários do esgoto, pessoas que trabalham neste local e fazem isso funcionar, os azuis são guardas e os brancos são funcionários da Natihvus, raramente vem aqui.

          A principal regra aqui dentro e a mais respeitada é a regra dos braceletes, eles são de titânio e uma vez lacrados no braço não podem ser destruídos ou removidos facilmente, só podem ser substituídos pela Natihvus. Funcionam com energia solar e possuem chip de localização e identificação e controlam tudo: comida, medicamentos, suprimentos, acesso aos setores do povoado e a entrada e saída do mesmo. Até mesmo as crianças são etiquetadas com os braceletes a partir dos dois anos de idade.

          Poucos guardas vigiam o local, pois os que aqui se encontram não tentam fugir, para eles se a vida aqui dentro é ruim, fora daqui é bem pior. Sozinho se tem poucas chances de vida, encontrar um grupo de sobrevivência é difícil, ser aceito por ele é ainda mais.

          Neste mundo não existe mais dinheiro. Aqui dentro circula uma moeda de troca da Natihvus, que eles chamam de "Créditos Xavi", mas só possuem esta moeda aqueles que usam algum bracelete, pois é ele que contabiliza tudo que a pessoa possui e que também faz as transações comerciais, como um arcaico cartão de créditos. Esta moeda é o que movimenta um pequeno mercado local. Terei que encontrar alguma forma de negociar com os comerciantes.

          Enfim amanhece. Levanto e vou em busca do que preciso.

          Aqui dentro é como uma grande periferia, muitos becos e vielas, moradas feitas de tapumes e construídas pelos próprios habitantes, pessoas com aspecto triste, felizes mesmo, somente algumas crianças que brincam entre as casas.

          Tenho que passar sem chamar a atenção até chegar ao mercado que fica mais ao centro.