Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)

Respeitar o território - 118

          Ele volta ao quarto dela após algumas horas, apenas para vê-la, mas o barulho a acorda. Ela está visivelmente preocupada e aflita com aquela situação.

          — Desculpe, não queria acordá-la.

          — Tudo bem. E aí? Encontrou o que eu disse?

          — Sim, encontramos. A caminhonete capotada, 3 ou 4 homens deles mortos, e bem mais que alguns soldados te procurando, estavam até um pouco além dos limites, mas os meninos os lembraram do porque devem respeitar as terras ciganas. O que me preocupa é o fato de eles mandarem gente tão competente atrás de você: rastreadores experientes e soldados de combate. O que está havendo?

       — Tem a ver com um equipamento que estava desaparecido, um servidor, ele é responsável por extrações de material e produções da Corporação. Por isso as atividades da Natihvus estavam praticamente paradas por tanto tempo. A questão é que, no meio disso, existem planos pra acabar com todos os grupos rebeldes, daqui do vale e do resto das terras deles pelo mundo... E isso envolve a gente... Como já recuperaram o servidor, estão começando a atacar os bandos de sobreviventes.

          — Como você sabe que recuperaram esse servidor?

          — Eu estive na missão. Foi uma equipe mista de militares e rebeldes: Os lobos da Montanha e os Filhos da Noite. Eles tinham a promessa por parte da Corporação de que após ajudarem a recuperar o equipamento, seriam liberados e voltariam aos seus acampamentos. Depois da missão praticamente encerrada, recebemos ordens secretas de render a todos assim que os reforços chegassem, eles foram levados para o batalhão dos Leviatãs.

          — De fato, tenho ouvido muitos rumores dessa missão nos últimos dias. Mas ainda é madrugada, e você não está em boas condições. Descanse um pouco mais, quando amanhecer, decidiremos o que fazer. — Rigon se levanta e sai do quarto.

          O dia amanhece, seu quarto se ilumina, ela se apressa em levantar e ir ao encontro de seu pai. O acampamento está tomado de guerreiros que se preparam para algo. Ela vê o Chefe ao longe, Rigon conversa com alguns homens e vai em direção a sua cabana. Ela vai atrás dele, entra na cabana de seu pai e logo o encontra diante de uma mesa servida.

          — Olá, sente-se, coma alguma coisa.

          Ela obedece, mas permanece em silêncio por um breve momento.

          — O que o Senhor pretende fazer?

          — Estou reunindo todos nossos homens e preparando tudo que temos à disposição: veículos, armas, equipamentos... Vou tentar usar da diplomacia e ver se consigo o apoio dos acampamentos rebeldes mais próximos, principalmente os que você disse que tiveram pessoal apreendido pela Corporação e mais alguns renegados fugitivos pelo Vale. Quando tivermos juntado o máximo de pessoal e poder de fogo possível, vamos fazer uma investida contra os dois Quartéis dos Militares e da Cidadela. Essa é uma região muito importante pra eles, controlando esses pontos teremos tantas pessoas e armas que eles não poderão contestar.

          — É um bom plano, mas não sei se é o melhor que temos. Eles não vão se entregar facilmente, haverá luta, muitas baixas, muito sangue derramado. A maioria do povo da Cidadela foi parar lá por que quis, não conseguem viver sem um governo lhes dizendo o que fazer. Não acho que irão querer se juntar a nós, estão muito mais interessados em fazer a viagem pro outro mundo... dariam a alma se servisse de pagamento. Os militares não queriam que essas informações vazassem dos quartéis, por isso mandaram me matar, como falharam, já devem estar bolando um plano corretivo, isso significa que milhares de homens dos Leviatãs podem estar vindo pro Vale nesse momento, pra reforçar os quartéis e a Cidade da Corporação, já prevendo possíveis ataques de retaliação.

          — Considerando que esteve com eles nos últimos meses, sabe melhor que qualquer um de nós como lidar com essa gente. Então me diz você, o que sugere?

          — Digamos que eu tenho um plano arriscado. Está disposto?

          — Sou todo ouvidos.