O elo fraco - 100

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          Assim que saem do túnel da montanha, os blindados da dianteira tomam a maior velocidade que conseguem para terem força de impacto, os veículos mais vulneráveis vão logo atrás em uma distância segura, mas igualmente velozes. O grupo terrorista vem na direção oposta, já disparando contra eles assim que os avistam, na tentativa de fazê-los recuar ao túnel novamente.

          Nos veículos da linha de frente, nossa equipe reage na mesma ferocidade, abrindo fogo descomedidamente e assim que aproximam do impacto, eles juntam os três veículos de maior resistência e furam a barreira que os oponentes formavam, jogando longe seus alvos visivelmente inutilizáveis, e permitindo que os que o restante da equipe transponham sem muitas dificuldades. Os veículos inimigos que saíram ilesos imediatamente dão meia volta para perseguir nossos viajantes, que continuam na mesma direção, mas agora reagindo com os últimos da fileira, que já podem ter mais mira dos inimigos que vem logo no seu encalço.

          Eles são alcançados por um som ensurdecedor, olham pelo retrovisor e veem a explosão de enormes proporções que destrói a saída do túnel e lança longe pedaços de rocha do tamanho de geladeiras. Todos sentem o impacto, não só pelo som ou pelo deslocamento de ar, mas por saberem que acabaram de perder mais um dos seus e que ainda podem perder mais até o fim da jornada.

          O estrondo também chama a atenção do comboio inimigo que estavam certos que receberiam reforços vindos daquela direção. Surpresos com o barulho, imediatamente desviam o curso para o local da explosão para conferirem do que se trata.

          O rádio toca no ouvido de Jow.

          — Senhor peregrino, parece que estão voltando, indo para o local da explosão. — Informa o Tenente confuso.

          — Ótimo, foi o que presumi que fosse acontecer mesmo, eles contavam com o apoio que viria dali, com certeza vão querer saber o que houve.

          — Acha que podem vir atrás de nós?

          — Creio que não, este não é território deles, considerando o tamanho total do grupo, esta era uma tropa pequena, que agora está desfalcada, tentaram emboscar a gente por oportunismo, estando em território hostil com certeza nós não somos a única preocupação que eles têm aqui. Se eu fosse dar um palpite, vão avaliar as perdas e voltar pras suas terras. Até porque não sabemos o que faziam por essas bandas.

          — Qual será nossa estratégia a partir daqui? — Tenente pergunta a Jow.

          — Há alguns quilômetros à frente, a estrada faz uma leve bifurcação que nos levará de volta à rota original, vamos pegá-la, e quando chegarmos na floresta estaremos seguros de novo.

          Assim como descrito por Jow, a estrada apresenta uma curva e ao final dela uma bifurcação, eles deixam a via mas larga e pegam a mais estreita que segue a direita, e em alguns minutos nela já começa a se notar mudanças na atmosfera: mais fria, mais úmida; característica da aproximação de terreno florestal. Logo após transpor uma pequena cadeia de montanhas, eles chegam à floresta densa e fechada. Após as montanhas, a estrada volta a seu perfil largo de duas vias para cada mão que se segue.

          — Senhor Peregrino, meus homens e os seus já demonstram sinais de exaustão, se não pararmos um instante a formação pode ser comprometida.

          — Entendido Tenente. Tem razão, vamos encontrar uma clareira às margens da estrada e fazer uma parada para descansar. Esse já é território neutro, longe de domínio de grupos extremistas ou de saqueadores, é uma zona perdida. Estaremos seguros aqui até amanhecer, parece que vai chover, por isso, precisamos parar e armar acampamento logo.

          Bem próximo de onde estão há uma clareira ao pé de uma pequena montanha afastada das demais, eles encostam os veículos em formação circular para armar as barracas ao centro do círculo.

          — Da minha equipe, estão incumbidos do primeiro turno de vigília: Bulsara, Thomas e Romanovs. E dos seus? Quem vai?

          — Bulldog, Roy e Toni. — Jow faz uma pausa e olha para os homens sentados ao chão. — Mais alguém se voluntaria para o primeiro turno?

          Katie e Victória se levantam de prontidão.

          — Ok, excelente, se separem em duplas, fiquem dois na parte alta da montanha, dois monitoram a estrada e os outros dois pares patrulhem a floresta nas proximidades. — Tenente Hans dá as ordens a primeira equipe de sentinelas. — Quando se sentirem cansados, revezem com quem estiver dormindo e informem em que posto estavam para que sejam substituídos.

          Logo após as ordens eles saem para seus postos.

          Não demora e começa a chover, a chuva engrossa, ficando forte e barulhenta não sendo possível entender nem as conversas do rádio direito, permanece assim por quase uma hora, até que começa a estiar aos poucos ficando bem faquinha e a noite volta a se tornar silenciosa, desconfortavelmente silenciosa.

          Jow acorda e vai até o Tenente:

          — Tenente Hans, tem algo de errado.

          — Não há nada de errado, Senhor Peregrino. Está tudo calmo.

          — Calmo até demais. Ouviu algum chamado no rádio nos últimos 30 minutos?

          — É verdade. O rádio está calado.

          — Faça contato e chame os outros homens. Vamos verificar.

          — Atenção. Alguém na escuta? — Tenente tenta preocupado receber resposta de seus homens pelo rádio. — Bulsara, Romanovs, Thomas. Alguém na escuta, Câmbio. Respondam?

          O rádio permanece em silêncio. O Tenente se levanta, acorda seus homens que rapidamente se aprontam e continua insistindo com o rádio:

          — Sargento Thomas na escuta? Responda, Câmbio...

          Eis que o rádio reage. Um chiado e uma voz estranha, ao mesmo tempo que começam a ver silhuetas vindo em direção ao acampamento, a escuridão da noite e a cortina de chuva impede que pudessem ser identificadas a distância. O Tenente pressupõe que sejam eles. Zoe, a leal companheira de Melissa, olha em direção aos espectros mais a frente e fica inquieta, rosna e arrepia todo o pelo do dorso, o que faz aumentar o clima de tensão.

          — Sargento Thomas... — Responde o rádio. — Imagino que seja seu sucessor na linha de comando da missão, correto Tenente Hans? Ouvi muito falar do senhor esses últimos dias, mais do que gostaria. Mas ainda impressionado, um cara com teu currículo, pertenceu a um grupo de elite dos fuzileiros americanos e hoje, vendido a uma corporação opressora. Em troca de que? Se fantasiar de preto e reviver os bons tempos?

          — Quem é você?

          — Meu nome é Nicholas Octopus... não adianta te falar quem eu sou, você com certeza nunca ouviu falar de mim, ainda mais depois da evacuação da Terra, mas pode perguntar ao "Senhor Coragem" aí do seu lado que ele poderá lhe explicar muito bem quem sou eu... Diga a ele que temos negócios inacabados a tratar.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora