Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)

Operação "Fechar as portas do inferno" - 65

          Ao longe já é possível que veja a imensa nuvem de poeira levantada pelo ruidoso comboio que chega, seu som já pode ser ouvido por toda vila.

          Jow vai recepcioná-los da mesma forma que fez com o anterior, mas sem estar com seu revólver empunhado nem o reforço dos militares dando apoio. Dessa vez não é necessário, ele tem confiança no que está por vir, ele os conhece.

          Ainda em meio a poeira um homem desce pelo lado do passageiro, de um blindado extremamente grande, bem equipado para combates pesados:

          — Andarilho Solitário...

          — Velho Diesel... Pode entrar com o comboio, posicione todos próximos dos que já estão ali, no pátio.

          O homem volta ao caminhão, os veículos passam por Jow que permanece ali parado vendo-os passar, até que todos entrem, e só então, ele vai ao encontro dos seus ocupantes.

          — Olá, meus amigos, sejam todos bem-vindos. Antes que saiamos daqui, quero reforçar que esta é uma área diplomática, zona neutra, então esfriem seus ânimos e evitem conflitos, por favor. Grandes acordos que sairão daqui hoje serão importantes para todos. Fui claro?

          — Sim. — Todos responderam em coro a Jow.

          Jow conduz o grupo ao salão, onde ocorrerá a reunião.

          — Capitão, está na hora, já estão todos aqui, não tem mais ninguém pra chegar. Podemos tratar logo dos termos dessa parceria para a missão. Não podemos perder mais tempo. Reúna seus homens, eu vou atrás do Otho e mais alguém que estiver perdido por aí.

          — Estou de acordo. Vamos tratar da burocracia logo para que fiquemos prontos para a partida.

          O Capitão sai em busca de seus homens e Jow em busca de Otho mas antes passa na casa da Nona.

          Ele entra, a cortina novamente anuncia sua entrada, ele se senta ao lado da pequena mesa enquanto espera ela que vem lá de dentro com uma grande xícara de chá.

          — Nona, chegou a hora tão esperada.

          — Não doeu tanto assim, você não acha?

          — Na verdade doeu bem mais do que imaginei que fosse o máximo que poderia doer.

          Nona sorri com a resposta de Jow.

          — Meu filho, não somos nós que escolhemos quando e como as coisas vão acontecer na nossa vida, mesmo que saibamos que vão acontecer, a única coisa que podemos controlar é como vamos agir quando chegar a hora. Eu sei que você tem tudo sob controle e vai fazer o que é certo. Tens minha benção, vá com Deus e cumpra seu propósito.

          — Obrigado Nona, obrigado pelo chá e pelo conselho. Faça outro pra mim quando eu voltar.

          — Estarei esperando.

          Jow sai da casa da Nona e logo à frente encontra com Otho:

          — Otho, agora que todos que eu estava esperando chegaram, vamos nos reunir no salão para informar como será executada essa missão e a importância de cada um nela. Chame quem você quiser que participe da conversa e selecione algumas pessoas de sua confiança para que garantam que ninguém além dos participantes fique a par do que for falado lá dentro.

          — Tudo bem Senhor Jow, vou me certificar disso e já entro para participar. Levo pouco tempo.

          Jow volta ao salão onde agora já estão todos mais ou menos acomodados, apesar do clima estranho no ar, os grupos separados cada um no seu canto e olhando uns aos outros com desconfiança.

          — Senhores, antes de mais nada eu gostaria de agradecer a presença de todos aqui, quero informar que sobre estas terras somos todos irmãos do mesmo grupo, atendemos ao mesmo propósito. Por isso peço que deixem seus rótulos externos lá de fora dos portões e enquanto estivermos envolvidos nesta missão somos um só. Todos aqui me conhecem, me chamo Jow e estou a frente dessa, que é uma missão de resgate. Quero apresentar pra vocês: Otho, líder do Vilarejo da Montanha Três irmãos, o Capitão Vince, porta voz da Natihvus Corp., representando os militares e a Corporação, Diesel em nome dos Lobos da Montanha e Carlenco representando o Clã dos Filhos da Noite. A partir de agora, pertencemos ao mesmo grupo, a Operação "Fechar as portas do Inferno".

          — Antes gostaria de saber: qual é o tratado proposto para os grupos envolvidos nesta missão? — Perguntou Carlenco.

          — A Corporação, através de nós militares, concordou em fazer uma trégua a hostilidade antes exercida contra os grupos de rebeldes ao sul do Vale. Concordou em legitimar o Vilarejo da Montanha Três Irmãos, passando a pertencer ao povo que nele habita atualmente. E conceder livre passagem do Eixo Norte-Sul aos rebeldes por três dias após a partida das equipes. Na verdade, durante o tempo que estivermos em missão conjunta, eu garanto que não haverá combate nem hostilidade por parte dos militares, caso haja algum encontro entre militares e rebeldes dentro dos limites da região do Vale. — Capitão explica seus termos.

          — Diesel. — Jow fala o seu nome lhe passando a palavra.

          — Eu, em nome dos Lobos da Montanha e porta voz do Grão Monge, ofereço aos Filhos da Noite um acordo de Paz e de uso das terras do Sul em comunhão sem conflitos.

          — Representando os Filhos da Noite, aceito o acordo de paz oferecido por vocês e agradeço aos militares a livre passagem do Eixo Norte-Sul, pois isso é o que nos dará acesso aos suprimentos oferecido por Jow em retribuição ao nosso apoio. — Carlenco se pronuncia em resposta aos anteriores.

          — Todos acertados sobre os termos de acordo? Podemos prosseguir para o plano de ação?

          Eles fazem sinal que sim, Jow olha para todos no fundo dos olhos para se certificar que ninguém ficou sem se comprometer com o momento ou está blefando. Ele desenrola um grande mapa sobre a mesa:

          — Vamos a estratégia de trajeto.