Melissa, que estava sentada vendo os pequenos curumins chegarem e começarem a se acomodar no chão, percebe quando alguém sai discretamente do meio das pessoas e se afasta no escuro, intrigada com aquela atitude, ela resolve segui-la. Essa pessoa começa a adentrar no escuro se afastando das ocas e do centro da aldeia e entra na mata. Melissa entra logo atrás, para sua surpresa, poucos passos adiante, perde a pessoa de vista. Mas uma outra coisa chama mais a sua atenção, uma quantidade enorme, milhares de índios reunidos em o que parece uma concentração. Ela vai se aproximando lentamente por entre as árvores, perplexa com o que está vendo, sem querer pisa em um galho ruidosamente e sente um solavanco e uma mão segurando sua boca.
— Xiiiiuuuu, não faça nenhum barulho, tem deles vigiando por todas as partes, você estava chegando perto demais, tive que impedir, esse parece ser um ritual reservado, se nos verem espionando podem nos castigar severamente.
Kalitch que era quem Melissa procurava, agora a segura por trás, cobre sua boca impedindo que grite e cochicha em seu ouvido.
— Eu vi quando me seguiu, pensei em te esperar, mas eu não quis que fossemos vistas juntas vindo pra cá, para que não desconfiassem. Desde que eu cheguei aqui, achei estranha essa aldeia, vimos centenas de índios na estrada e na hora do jantar algumas dezenas apenas, eu sabia que havia algo de errado no comportamento deles.
— O que você acha que está acontecendo?
— Parece um ritual de guerra, mas a coisa deve ser bem séria, pois tem guerreiros demais aí se concentrando.
— Como você sabe disso?
— Meu povo é considerado tribal também, na verdade não gostamos do título de tribo, preferimos chamar de Clã, mesmo assim conhecemos muitos costumes dos povos ditos "não civilizados". Mas há algo de muito anormal acontecendo aqui...
— Do que você está falando?
— Se você olhar mais à frente, bem ali, além da fogueira lá atrás de todos os índios... O que você vê?
Melissa arregala os olhos e coloca a mão na boca, parece não acreditar no que acabara de perceber.
— Isso são... São...?
— Sim, exatamente, geeps, tanques, veículos grandes, blindados e muita armas pesadas, um arsenal imensurável. Ali tem armas demais pra uma tribo indígena. E pelo jeito, estão se preparando pra alguma ação, com essa quantidade de soldados e esse arsenal, eles podem dizimar vilarejos inteiros, até dos mais bem preparados, como os grupos terroristas.
— Mas pra que tudo isso?
— É o que estou me perguntando. E o que mais me preocupa é o seguinte: será que essa ação toda tem haver com a nossa chegada? O que estão tramando?
— Pretende contar alguma coisa ao seu comandante?
— Acho melhor não, ele é muito cismado e impulsivo, não confio nele, principalmente por se tratar de um soldado dos Leviatãs... odeio esses caras. E você, vai contar ao seu "amigo"?
— Para o Jow? Vou sondar ele, vou ver o que consigo tirar de informação. Ele parece bem a vontade aqui, como se os conhecesse de muito tempo.
— Se conseguir descobrir alguma coisa, me conta. Precisamos saber o que está acontecendo e que perigos vem por aí.
— Conto sim, agora vamos sair daqui antes que sejamos pegas.
— Vamos sim, vai você primeiro, e eu saio logo em seguida, para que não nos vejam juntas.
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Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)
Fiksi IlmiahO mundo como conhecera já se foi, uma Terceira Guerra Mundial abalou nosso frágil planeta. Matéria nuclear altamente tóxica, agora contamina nossa terra, nossa água, nosso ar. A raça humana fora condenada. Neste ambiente caótico, eis que s...