O sacrifício do Herói - 112

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          A porta da cozinha se abre, e Pierre vem trazendo um enorme caldeirão seguido de Norffi, com uma enorme travessa. E nela, a robusta costela do cervo, de onde emanava o delicioso cheiro, que atraiu a todos.

          — Pronto, está servido. Podem comer. — ninguém precisou dizer, mas Pierre sabia que essa havia sido a melhor coisa que ouviram hoje, ele olha a todos e sorri pretensioso.

          Em poucos instantes, cada um tinha em mãos uma vasilha com sopa e um belo pedaço de costela.

          Entre sons de colher, estalos de ossos e lambidas de dedo, Vovó Jack, recostada sobre sua besta, que parecia dormir tranquila, resolve quebrar o silêncio e pergunta:

          — Alguém sabe me dizer onde está o Ed? Ainda não vi aquele grandalhão.

          A sala é tomada por um silêncio perturbador, pessoas se entreolham como se ninguém soubesse o que dizer, ou fazer, olham para ela e depois abaixam a cabeça em um gesto de pesar.

          Intuitivamente, ela entende e sua expressão se divide entre um sorriso sutil e olhos marejados d'água.

          Jow que estava sentado perto dela, parecia distraído olhando nas mãos uma fotografia, ao perceber que ninguém respondeu a pergunta de Jack, guarda a foto, respira fundo e a responde:

          — Ed não está mais conosco, Vovó Jack. Ele se sacrificou para que pudéssemos escapar. A meio dia de viagem atrás, fomos emboscados por dois grupos terroristas. E para que não ficássemos sob fogo cruzado ele equipou a carga grande de explosivos e ficou para trás pra conter o grupo maior que vinha em nossa direção.

          Ela leva a mão aos olhos e limpa as lágrimas ainda com a cabeça baixa.

          — E aquele maldito, nem pra me esperar para participar da festa. Ficou com a glória só pra ele. Mas ainda hei de encontrá-lo e vou tirar essa história a limpo.

          — Mas, agora me diga você, Dona Jack: como conseguiu não ser morta, domar o monstro e ainda sair de lá com ele? — Jow faz a pergunta que todos querem saber.

          — E alcançar a gente no meio de uma tempestade e nos salvar da emboscada dos terroristas. — Melissa complementa.

          Vovó Jack dá um sorriso modesto, como o de alguém orgulhoso de ter conseguido um feito que nem ela mesma estivesse acreditando direito.

          — Não seja rude rapaz, é uma menina, lhe dei o nome de Margarida.

          Vovó Jack dá um sorriso pretensioso de canto de boca, fecha levemente seus olhos e permite que sua mente vagueie pelo momento a pouco ocorrido.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora