Vele por mim - 123

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          Morgana, temendo já saber o que houve, encosta o ouvido no peito de sua mãe e em prantos, se dá conta de que ela se foi. Ela abraça seu corpo pela última vez, com carinho fecha seus olhos e a cobre com a manta. Enxuga as lágrimas do rosto e saí pra procurar ajuda.

          Um pouco mais a frente pelos corredores ela encontra um militar:

          — Moço, eu preciso urgente falar com a General.

          — Aguarde um instante, vou ver se posso ajudar.

          Ele se afasta da garota, usa o rádio e logo retorna:

          — Desculpe, a General não pode atendê-la agora, mas o Coronel Tompz disse que pode.

          — Tudo bem, pode ser.

          — Venha comigo.

          Já é bem tarde da noite, quase madrugada, eles descem as escadas e ele a conduz até um outro prédio, em uma grande sala no térreo, onde Tompz se encontra falando com alguns militares, coincidentemente quando eles se aproximam, o assunto do Coronel com os homens encerra e eles se afastam:

          — Olá, Senhorita Rachel. Em que posso ajudá-la. Você parece triste, o que foi?

          Ela olha por um instante de forma sutil para o soldado que está logo atrás dela. O Coronel faz sinal pra que os deixem, o soldado corresponde e se afasta.

          — Sente-se, o que houve?

          Ele puxa uma cadeira, ela se senta, coloca as mãos no rosto e permite que suas lágrimas corram novamente:

          — Minha mãe acabou de falecer...

          Ele fica um pouco desnorteado, sem saber o que fazer, se levanta, aproxima dela pelo lado e a puxa de leve pelo ombro, encostando a cabeça dela pouco acima da barriga dele:

          — Não sofra por isso, menina, ela está melhor agora, e ainda precisa de você. Precisa decidir o que fazer. — Neste momento ele teme pelo que a garota pode decidir, teme que ela possa querer desistir do plano e pôr tudo a perder, então tenta induzi-la a continuar com o acordo, não importa o que precise dizer pra conseguir isso. — Eu sinto muito pela sua perda, mas ela não é sua única família... não é mesmo?

             A garota se recompõe devagar, e vai parando de chorar. Enquanto ela se acalma, ele pega uma garrafa e a serve um copo d'água.

          — Não, eu tenho mais pessoas, meu pai e meus irmãos.

          — E onde eles estão? — Ele já sabe a resposta desta pergunta, mas precisa fazer ela pensar nessas pessoas agora, e dar a sensação de que ficará sozinha se ficar aqui.

          — Eles estão em Xavi...

          — Bem, se eu me lembro, você também partirá pra lá daqui a pouco, não é? Em algumas horas irá sair um comboio deste quartel, e você estará nele, e em quatro dias embarcará no expresso espacial para Xavi.

          — Sim, mas e minha mãe? Como vai ficar?

          — Olha, eu tenho paramédicos entre meus homens, vou pedir para que um deles, juntamente com alguns soldados, vá até o seu quarto se certificar que ela realmente veio a óbito. Se for isso mesmo que aconteceu, eles a levarão até o depósito, e ela ficará lá até amanhecer. Assim que nossa primeira patrulha chegar, eu pedirei que levem o corpo dela até a Cidadela e a enterrem no cemitério que temos lá. Com direito a túmulo e lápide com o seu nome. A General tem um grande apreço por você, então eu garanto que acontecerá exatamente como estou lhe dizendo. Te dou minha palavra. E então, o que me diz?

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora