Velhos amigos - 35

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          Eles se aproximam do acampamento, a abertura da mata vai se estreitando, formando um corredor.

          — Meu sonar detectou movimentos. Temos companhia. — Informa Nora.

          Jow olha ao redor e pode ver olheiros camuflados entre os rochedos e por trás das árvores, que os observam. Quanto mais perto chegam, homens armados começam a surgir próximos da entrada. Jow diminui a velocidade, ele não quer parecer hostil ou ameaçador pra não provocar nenhuma reação defensiva por parte dos sentinelas, a essa altura, um movimento brusco pode causar um tiroteio desnecessário. Ele pára a moto há alguns metros do portão, desse o capuz e retrai o capacete para o traje, deixando seu rosto amostra, e se mantém atrás, junto a moto. Morgana vai até os guardas do portão.

          — Olá, eu sou Morgana. Gostaria de falar com o Capitão Garra.

          — O Capitão morreu em uma missão de resgate a um grupo de coleta no Vale.

          — E quem está no comando agora?

          — Edward.

          — Que​ bacana. Então diga para ele, que a Calia está aqui e gostaria de falar com ele.

          Quando Morgana ainda fazia parte do bando, Edward sempre fora interessado nela e não fazia questão de esconder, Morgana por sua vez, sempre se desviava de suas constantes investidas e agora sabendo que ele é o líder do clã, sente que pode usar isso a seu favor.

          — Calia.

          — Fuinha. Quanto tempo? — Os dois se abraçam.

          Edward era um jovem militar, que teve sua vida salva pelo Capitão Garra e depois virou seu braço direito, vindo a se tornar seu sucessor na liderança do clã.

          Alto, de corpo atlético, pele branca de europeu com marcas de sol, cabelos loiros e olhos azuis.

          A bela aparência era só a embalagem de um homem duro, egoísta e arrogante. Levava consigo sempre um sorriso falso, até conseguir o que queria. Era a ferramenta de serviço sujo do líder e que agora carregava essa responsabilidade.

          Quando Morgana morava no acampamento eles eram muito próximos, ele se dizia sempre apaixonado por ela, mas no fundo ele não sabia, se era paixão ou se sentia desafiado por ela ser a única, a não se render aos seus encantos.

          — Eu sabia que você não ia aguentar e iria voltar para mim. Eu sou o rei daqui agora, você pode ser minha rainha.

          — Eu fiquei sabendo, e não foi por isso que eu voltei seu bobo. Voltei por causa da minha mãe. E você pode fazer de rainha qualquer uma das que dividem seus aposentos. — Morgana sorri.

          — Ah sim. E falando nisso. Como está sua mãe?

          — Ela não está nada bem. Diferente do que pensamos lá, no curral da Natihvus não tem nenhum atendimento médico, os poucos recursos que têm são caros. O que ainda nos mantém lá são os medicamentos e a possibilidade de enviar ela na viagem. E também o fato de não poder sair de lá depois que entra.

          — E essa figura aí, quem é? Seu namorado? Foi por ele que você me deixou?

          — Este é o Jow. Ele não é meu namorado, é só um amigo que está me dando uma força. Me ajudou a sair de lá, me trouxe aqui e vai me ajudar a voltar.

         — Muito prazer, eu sou o Jow.

          — Eu sou o Edward. E meu prazer é vê-la de novo.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora