Inimigo revelado - 129

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          Farhat solta Jow, que cai quase inconsciente, tossindo muito enquanto tenta respirar. Ela se prostra ao chão de joelhos, respirando com dificuldade. Jow se levanta e tira a arma de sua mão. Olha pra trás e vê Morgana de pé na porta de entrada da sala, com sua pistola ainda em punho, ainda saindo fumaça do tiro, apontada para Farhat e olhar de assustada. Ela caminha devagar, quando chega ao lado de Jow, ele toca de leve sua mão para que abaixe a arma, e ela acompanha o seu movimento. Jow olha para Farhat e a responde:

          — Eu tenho amigos.

          Jow vai até seu traje, o veste e pega suas armas, estranha o silêncio do ambiente, inspeciona a sala, a sua esquerda vê Norffi, de pé diante de Kyoko olhando pra ela caída no chão nocauteada. Vira-se para Morgana:

          — Vamos, preciso subir e impedir a ativação do servidor.

          — E ela? Vai deixar ai?

          Jow olha com desprezo para Farhat sentada no chão sangrando, com a mão esquerda na costela.

          — Ela não vai sair daqui, vamos subir, quando voltarmos, se ainda estiver viva, decidimos o que fazer com ela. — Jow olha pra Norffi e assente com a cabeça, e o mesmo entende o que ele quer.

          Ele fala e começam a subir a escada, ao chegar no terceiro degrau ouvem a voz dela misturada com tossidas, que o interrompem imediatamente, fazendo parar onde está por um instante.

         — E aí "herói"... não quer saber o que houve com o seu pai? E todo o resto do grupinho dele?

          Jow dá meia volta e retorna até onde ela está. Sua ferida sangra muito, ela retira a mão, vê que está totalmente coberta de sangue e volta a pressionar a ferida, enquanto sorri de forma debochada.

          — Se você tem algo a dizer, sua hora é agora.

          — Você é tão ingênuo. Não consegue perceber que fomos todos abandonados aqui. Continua lutando e lutando como se estivesse fazendo uma coisa realmente relevante, mas não está. Nem sequer sabe o que está fazendo, afundado em mais dúvidas que certezas. Todos que ficaram aqui foram largados e nós, milicos, ficamos pra arrumar a bagunça, limpar a sujeira da "Raça Humana". E eles foram pra lá, "o mundo novo, a sociedade perfeita", todos eles, inclusive seu pai.

          — Mas isso não condiz com...

          Ela o interrompe:

          — Todos mentiram, Senhor Jones. Mentiram principalmente sobre o plano. A ideia é simples: Fazer um novo dilúvio na Terra, uma limpeza étnica. O mundo nunca foi democrático, quem tem poder manda, quem tem dinheiro banca e é protegido, e o que sobra apenas assiste e obedece.

          — Mas e a guerra, e todo o papo de radiação, contaminação e insuficiência pra vida humana?

          — Essa guerra já estava aí há milhares de anos, trocando tapas uns com os outros, o que seu "Comitê" fez foi aquecer os ânimos desse conflito. Um ataque coordenado contra um grupo aqui, um atentado planejado contra outro ali, depois é só entregar armas nucleares a cada um dos lados e assistir eles se destruírem por conta própria. No começo, o plano era apenas ir eliminando tudo que era um entrave pra Corporação, e começar pelo oriente médio era bem conveniente. Quando as coisas tomaram proporções espaciais, com a finalização da passagem intergalática, os planos ficaram mais ambiciosos. A ponte com Xavi permitiu a possibilidade de domínio do mundo inteiro. Então por que não estender essa guerra a nível mundial?

          — Como assim entregar armas nucleares? O que quer dizer com isso?

          Farhat, tosse seco, aparentemente teve o pulmão atingido. Respira ofegante, mas continua falando, mantendo a pose de um militar:

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora