Dívida Vital - 105

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          Quando saem do galpão podem ver centenas de índios bem armados e equipados, já com os homens do Nicholas todos rendidos de joelhos no chão, com as mãos na nuca, espalhados por todo o território.

          — Onde está o meu robô e meu traje? — Jow já procura pelos seus pertences.

          Um índio chega até o Cacique e lhe fala ao ouvido, este faz cara de assustado e se dirige a Jow:

          — Waburaerê, não encontramos chefe dessa tribo, não está em nenhum lugar daqui. O que quer que faça?

          — Ele deve ter fugido ou se escondido, essa é a base dele, deve conhecer como ninguém. Continuem procurando, ele tem que estar em algum lugar. Já encontraram o servidor?

          — Máquina da morte estar lá dentro. Homens a encontraram.

          — Tenente, vá com seus homens onde está o servidor, os índios o levarão até lá.

          O Tenente não diz nada, só acena com a cabeça que sim, no seu rosto o semblante de alguém que não está nada satisfeito com aquela situação, ele faz sinal para sua equipe para segui-lo e vai atrás dos índios que os guiam até a sala de máquinas, assim que chega, o processo de decriptação, já está em 98%. Ele aborta o processo, espera a mensagem que fora abortado com sucesso, retira os cabos de ligação e remove com cuidado o servidor.

          — Parece que seu resgate chegou bem na hora, estavam prestes a ter acesso aos arquivos do disco rígido. — Tenente permanece visivelmente irritado.

          — Estão todos bem? Está faltando alguma coisa? — Jow questiona e olha para todos das suas equipes, eles se entreolham acenando que sim com a cabeça. — Norffi, está bem? Fizeram algo com você?

         — Norffi está bem, Jow. Não houve nada com Norffi.

          — Ótimo, podemos partir então, Tenente?

          — Podemos sim.

          — Antes duas coisas... Cacique, diga a alguns dos seus guerreiros que fiquem mais atrás e garantam que os homens do Nicholas não vão nos seguir dessa vez. Não machuquem, nem matem ninguém, apenas inutilizem seus veículos, e o restante siga conosco até chegarmos na estrada de volta pra casa.

          — Tubo bem Waburaerê, assim será feito. — O índio Mondanês se aproxima do Cacique e entendendo o recado continua a falar com Jow. — Waburaerê, Mondanês também cumpriu sua tarefa e volta pra tribo com os Kynawa assim como combinou com Chefe.

          — Sim Cacique, ele está dispensado e pode voltar com vocês. — Jow volta para sua equipe e avisa. — Eu vou buscar minha moto, só esperem eu vestir meu traje e já estou pronto pra partir.

          Jow vai em direção a uma cobertura mais afastada, próxima das árvores onde está sua moto e começa a vestir seu traje. Um pouco mais atrás, Zoe, a Dobermann de Melissa arrepia estranhando alguma coisa na direção de Jow, ela rosna e sai em disparada. Assustada com aquilo, Melissa vai logo correndo atrás dela chamando a cadela, desconfiado daquele comportamento, Bulldog e Roy também vão no mesmo pique.

          Alguns metros à frente de Jow, Nicholas sai de trás de uns arbustos e peças de carro, com um revólver em punho na mão e sedento de fúria no olhar:

          — Você acha que vai conseguir fácil assim? Fazer chacota de mim, me enganar duas vezes e sair ileso? Pode até conseguir sair daqui, mas não vivo. — Ele tem Jow na mira, que fica estático ainda nem tendo vestido seu traje, Nicholas puxa o cão do revólver e dispara.

          Melissa, que vinha correndo atrás da cadela percebe a situação e entra na frente de Jow recebendo a bala em cheio no peito, o impacto é tão forte que ela gira e cai de frente nos braços de Jow, dá um leve sorriso e desfalece. A Doberman, faz o que foi treinada pra fazer, pula ferozmente no oponente, mordendo a mão que segura a arma, deixando-o desarmado e imobilizado, Bulldog e Roy que chegam logo em seguida e terminam a tarefa da cadela e contém o homem, mas ficam bastante aflitos pois sabem que o pior já aconteceu.

          Jow desesperado com Melissa inconsciente em seus braços, grita para que tragam um kit médico, enquanto tenta acordá-la:

          — Melissa, Melissa, por favor, não morra agora, acorda, fala comigo. — Ele fala triste com um tom choroso.

          Uma de suas mãos a segura cuidadosamente e a outra apalpa seu traje em busca da faca, mais pessoas chegam perto, enfim ele encontra a faca e corta a roupa dela no lugar do furo da bala, e de repente se assusta com o que vê. Ao abrir sua farda, percebe que atrás de duas camadas de roupa, ela estava com um colete, onde o projétil ficou preso, sem perfurar o seu corpo, quando percebe isso, toda sua tensão se esvai com o ventos que sopram seu rosto, ele olha de volta e a vê de olhos abertos olhando pra ele com um sorriso de ternura:

          — Que gracinha, ficou preocupado comigo. Acho até que você chorou. Salvei sua vida, você me deve isso agora.

          — Ah, sacanagem!!! É claro! Era evidente que estava de colete, eu que demorei a perceber. Pensei ter te perdido, sabia?

          — E iria sentir minha falta?

          — Não é hora pra isso, Senhorita Zampollo. Não temos tempo pra piadinhas, não teve graça.

          Quando Jow olha pra cima, estão todos rindo, ele se levanta e a ajuda a se levantar.

          — Teve graça sim, olha aí, está todo mundo rindo de você. — Ela sorri, em seguida geme e leva a mão no local do tiro. — Ai, isso vai ficar roxo amanhã. Sabe, eu deveria ter esperado mais um pouco, quem sabe você não me faria respiração boca a boca?

          — Você estava baleada, não afogada.

          Esse último comentário causa crise de riso geral, Jow faz cara de sério como quem segura o riso e termina de vestir seu traje.

           — O que faremos com ele Jow? — Bulldog o questiona tendo Octopus de joelho aos seus pés.

          — Algeme-o e coloque-o com os outros. Não queremos que tentem nos atrapalhar novamente. Mas não os machuquem, não são nossos inimigos. Além disso eles têm suas próprias batalhas pra travar. — Jow olha para Nicholas ao chão e se dirige a ele. — Sinto muito por isso Sr Octopus, nos veremos por aí, espero que em circunstâncias melhores.

          O homem não fala nada, apenas tem o olhar de ódio. Em seguida é levantado e levado dali.

Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora