Capítulo 17. Albastruz Audacioso

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"Asas, corações, algumas coisas são feitas para serem despedaçadas;
Fé, esperança, algumas coisas estão destinadas a desaparecer"

Killing Butterflies - Lewis Blisset

Os seguranças abriram passagem para o homem de pele cor de caramelo vestido em trajes azuis escuros e decorados nos ombros por algo parecido com penas, porém o resto do tecido de sua camisa e mangas era transparente escurecido.

Ele parecia gostar de exageros.

- Ele não foi convidado, além disso essa propriedade está fora dos domínios e do conhecimento dos Albastruz. Como você chegou até aqui? - Sussurrou Pietro, porém de forma grave e intimidadora. - Por que meus seguranças deixaram que você entrasse?

Ele sorriu, tocando os cabelos pouco longos e presos de lado com um pingente dourado em forma de meia lua. Mordeu os lábios pintados de preto por alguns segundos, piscando os olhos delineados e esfumados pela sombra turquesa.

- Para sua informação, venho com uma carta de apresentação e trégua do Conselho superior. - Disse em sua voz grave e sarcástica, sorrindo como sempre fazia. Os olhos claros estavam um pouco arregalados, mostrando seu ar de loucura. - Além do mais, essa casa em partes também é minha. Tem sorte de eu não reclamar os bens de nossa família.

- Não existe nada de nossa. - Murmurou Pietro.

- Mas veja bem aqui, olha. Quer que eu esfregue esse anel em seu rosto velho?

Eris pegou algo em seu bolso da calça preta, e com as unhas pontudas e longas pintadas de preto fosco, levantou o anel para mostrar a todos, porém eu não consegui enxergar o que deveria me surpreender assim como todos que estavam com suas bocas abertas.

- Você não mudou sua expressão, Pietro. Você não consegue ver? Vou te mostrar mais de perto. - Eris fez menção de subir na mesa oval e andar nela até o irmão, me fazendo levantar as sobrancelhas desacreditada quando pisou com sua bota alta sobre a toalha de mesa vermelha.

- Não, não precisa! - Gritou o homem do outro lado da mesa, fazendo Eris balançar a cabeça e sorrir voltando a ficar de pé no chão.

- Oh, que bom então! - Bateu palmas. - Eu tenho autorização para estar aqui como vê. O Conselho concluiu que o corpo de Rosa também é minha responsabilidade.

Pietro passou as mãos no rosto cansado.

- Bem, isso já diz muita coisa, mas ainda não explica como você chegou até aqui. - Sussurrou Pietro com desgosto. - A não ser que você tenha violado as regras e colocado algum dos seus infiltrados em minha própria casa.

Cada um que estava na mesa olhou para o rosto do outro, e depois de alguns minutos todos se viraram apenas para uma direção da mesa, onde acompanhando os olhares, estava Madinson em seu vestido em partes preto e em partes azul assim como Eris estava vestido.

Comecei a imaginar que na verdade ali existiam dois grupos rivais de certa forma, no caso Madinson estava lá conosco desde o início dentro de todo aquele vermelho desconfortável, com seu azul escuro disfarçado.

Por um momento me lembrei do cachecol azul da mãe de Aiden, o tecido desgastado que ela segurava firmemente entre os dedos magros.

- Oh, não. - Disse Eris se encaminhando para atrás da cadeira da loira e beliscou suas bochechas. - Não culpe minha doce sobrinha. Ela é tão útil para mim quanto um peixe pedalando uma bicicleta.

Madinson não estava se importando com os olhares, apenas continuava bebericando o álcool em sua taça, revirando os olhos para as falas de Eris e então lhe deu um tapa na mão.

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora