Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}

Capítulo 34. As Trinta Aranhas Azuis

"Reis mortais estão governando castelos
Bem-vindo ao meu mundo de diversão
Mentirosos se acomodam em tomadas
Vire o interruptor e observe-os correr"

Emperor's new clothes - Panic at the disco

Os corredores e salões estavam sendo enfeitados às pressas por algumas pessoas vestidas de branco de pé nas escadas dobráveis. Elas se inclinavam para amarrar e prender aquelas guirlandas de flores brancas e flocos de neve feitos de vidro perfeitamente amarrados com algo parecido com palha, e junto delas, pequenas frutas brilhantes de diferentes formas, faziam tudo aquilo se tornar adorável.

Eu estava me perguntando de onde vinha toda aquela cantoria de pássaros em todo o lugar enquanto caminhava pelos corredores, apertava o casaco contra o corpo e levantava a saia do vestido quando passava de uma casa para outra e alguns flocos de neve caiam em meu cabelo, depois disso, novamente já debaixo de um teto, vinham aquelas cantorias e pios intermináveis.

Uma pena branca caiu entre meus sapatos, e quando olhei para cima, percebi que todo o teto estava enfeitado com guirlandas brancas a fim de fazer poleiros e balanços nos quais os pequenos pássaros azuis, vermelhos, amarelos e verdes estavam voando livremente entre um cordão de flores e outro, faziam pequenos rasantes e se alimentavam em potes de prata colocados nas paredes.

Eu percebi que estava com a cabeça levantada e a boca aberta como uma patética, então procurei tentar desviar meus olhos daquele pequeno espetáculo e continuar caminhando com Mabel ao meu lado.

Aiden naquela manhã havia feito todo aquele alvoroço pedindo perdão por ter me deixado sozinha, mas o fez novamente sem choro e nem vela. Mabel me disse aquele dia que Aiden teve que ir às pressas para onde estava Pietro, que eles deveriam resolver um grande problema da família Diavol e Aureum, que algo havia sido roubado, mas que logo estariam de volta.

Eu estava revirando os olhos para Mabel andando colada em mim como um dos peixinhos que vivem seguindo o tubarão, e qualquer um que mencionasse meu nome ou olhasse para mim por mais de dez segundos, a loira se virava, encarava de volta e parecia rosnar.

Procurei não prestar atenção em Mabel porque o espartilho na minha cintura estava apertando e coçando. Naquela hora quando Mabel me avisou da saída de Aiden e consequentemente que eu estava acordada, entraram duas senhoras vestidas de vermelho em meu quarto com as mãos enrugadas cheias de maletas e cabides com roupas me obrigando a vestir aquelas peças desconfortáveis, e logo depois aquele lindo vestido que Aiden havia me apresentado.

A máscara fina e transparente foi colocada em minha mão, e quando eu tentei aliviar as fitas do espartilho discretamente, a idosa que me obrigava a ser vestida pelas mãos dela como uma boneca, me repreendeu de forma tão rígida que quase chorei. Tentei passar base opera corretivo para tampar o roxo do meu rosto, mas ela também não deixou, tomou meus pincéis e disse que qualquer tinta no rosto era um tabu para os Diavol, disse que escondia a natureza verdadeira do rosto da pessoa e criava uma máscara falsa.

"Só prostitutas, primitivos e mentirosos fazem isso. Você não é nenhum deles, e se for não deve ser mais."

Quando aquela velha me deu as costas e enfiei a máscara no bolso do vestido vermelho, pensei que poderia valer a pena gastar meu réu primário ali e a empurrar do topo de alguma escada.

Me lembrei da primeira vez que saí com Aiden, de que naquele dia eu havia colocado maquiagem, pintei todo o meu rosto e pareceu não haver problemas, por que estavam ligando para aquilo naquela hora?

Enfim, estava eu ao lado de Mabel andando de um lado para o outro naqueles corredores com o rosto todo arranhado e marcado de ferimentos, tive vontade de morrer por causa disso e por ainda ter que segurar aquela saia pesada, cheia e longa demais entre os dedos enquanto andava, mas por um momento quando alguns rapazes de branco e olhares vidrados me ofereceram bolo recheado de maracujá em uma bandeja, meu mundo voltou a ser colorido.