"Vivemos em cidades
que você nunca verá na TV;
Nada muito bonito,
Mas sabemos como correr livremente;
Vivendo nas ruínas de um
palacio em meus sonhos;
E você sabe bem no fundo
que estamos no mesmo time"Team - Lorde
Aquela situação já havia se tornado caótica.
Eu estava prestes a soluçar, minhas mãos tremiam e eu me arrependi de todas as maneiras de ter ido até aquele lugar com Aiden.
- Isto é medo... de Muriel? - Perguntou se esforçando para falar, finalmente tirando a faca de minha boca. Os dedos longos deslizaram pela minha bochecha machucada e depois pelos meus cílios úmidos. - Oh! Não tenha medo... de Muriel. Muriel será... gentil com Amélia!
Apertei meus dedos dos pés dentro das botas. Eu não conseguia encostá-los no chão enquanto aquela pessoa me segurava tão alto. Umedeci meus lábios com gosto do ferro daquela faca.
- Você... você 'também faz parte da caçada? - Perguntei tremendo, meus pés sem alcançar o chão. Não conseguia desviar os olhos da faca. - Isso não tem graça. Você já me pegou.
Folhas farfalharam sob pés mais leves, escutei a voz aguda e fresca de Circe me chamando aos sussurros. Pude até ver seu corpo andando confuso sobre o barranco que eu caí, as queimaduras em seus ombros, expostas sobre a claridade. Ela olhava para o chão, como se estivesse seguindo meus rastros.
Eu quis gritar, mas fiquei com medo da pessoa em minha frente levantar aquela lâmina para mim novamente. Lendo isso em meu rosto, quem me segurava virou o rosto rápido para onde estava Circe, depois adentrou mais as árvores e me levou junto, até tudo se tornar um escuro misturado a lama e folhas.
Eu nunca senti tanto terror quanto naquele momento.
- Muriel não... - Começou a falar com dificuldade, como se não estivesse respirando bem. - Muriel não... Não é parte... parte de nenhum lugar. Muriel é... aberração igual a Amélia.
Formei uma ruga entre as sobrancelhas, meus dedos tremiam tanto que achei que fosse ter um troço.
- Muriel não confia em ninguém... - Depois dessa frase, a pessoa suspirou com dificuldade. - Mas Muriel confia em Amélia. Amélia tem que... confiar em... em Muriel também.
Ofegou como se falar, lhe tomasse todas as forças.
- Você é Muriel? - Falei tremendo. A pessoa assentiu com um certo desespero. - Então você pode me colocar no chão, Muriel?
- Amélia está com medo... vai fugir. Amélia não vai... ouvir Muriel-
- Então guarde a faca, Muriel. - Minha voz começou a falhar. - Eu estou com medo... da faca, não de você.
- Mas Muriel precisa cortar... precisa cortar a carne. - Arregalei os olhos quando ele levantou a faca, mas a lâmina escorregou pela pele pálida e azulada do seu próprio braço que me segurava. Não escorreu sangue, mas um líquido preto viscoso da ferida funda. - Muriel deve mostrar... mostrar a verdade para o outro Lírio Branco.
Enfiou os dedos na ferida do braço, a pele pálida demais se abriu e fiz cara de nojo quando ele puxou algo de dentro do próprio corpo. Havia um retângulo pequenino entre o polegar e o indicador que ele havia retirado de si mesmo.
- Muriel também é... também é Lírio Branco. - Começou a engasgar guardando a faca na cintura, onde também haviam várias quinquilharias pequenas. Eu estava tão rígida de medo e susto, que não foi difícil para Muriel pegar minha mão na sua enorme, colocar o retângulo pequeno na minha palma e empurrá-lo para meu peito. - Amélia deve guardar... Amélia não deve mostrar isso para ninguém. Não deve mostrar... para ninguém mesmo!
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Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}
Science Fiction{OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL} - "A sequência desse livro, "A Desolação de Amélia - Livro O2" está disponível aqui na plataforma também. - • Amélia odeia o vermelho, ela odeia sangue, tudo por causa da sua fobia pelo líquido. A...