Capítulo 29. Pétalas Vermelhas de um Coração Humano

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"Atordoada com prazer
Vendo o que está por vir
A imagem da morte
pintada em minha mente"

Little Dark Age — MGMT

[

Tw: Sangue]

Eu tentei avançar com Aiden e fingir que não ouvi a voz do homem atrás de nós, mas conforme eu ignorava, mais Roberval gritava e andava atrás, atraindo toda a atenção possível e uma pequena careta de desconforto no rosto impecável de Aiden.

Aquele diabo sempre foi super escandaloso, então me virar e fingir que eu não estava ouvindo, era assinar minha carta de morte por vergonha alheia, justamente porque ele iria vir atrás de mim e gritar cada vez mais alto até que eu desse atenção.

Aiden também se virou para olhá-lo, e sua expressão se contorceu em nojo. Roberval percebeu isso e parou de sorrir, seus ombros murcharam e abaixou a mão gradativamente, se encolhendo no meio das pessoas.

Suspirei com pena e raiva ao mesmo tempo.

— Aiden, você pode me mostrar tudo depois? — Perguntei. Aiden me olhou com uma expressão ofendida, mas mesmo assim assentiu e sorriu soltando minha mão. — Vou ver o que esse enviado de Satanás quer.

— É claro. — Ao mesmo tempo, Mabel apareceu vestida com um terno preto e uma grossa capa vermelha fechada com um broche de ouro, caindo em seu corpo na diagonal e os cabelos amarrados em um coque perfeito atrás da cabeça. — Vou aproveitar e… encontrar Pietro. 

Eu sorri e me virei para Roberval, não precisei olhar para trás para saber que Mabel estava vindo com sua expressão séria demais ou que Aiden estava me olhando caminhar. 

Ele havia dito que não se importava, mas hesitou demais. Também havia aquele novo gesto de Aiden que eu havia aprendido, o modo como ele apertava os punhos até os nós ficarem brancos e veias saltarem da pele.

— Val? — Perguntei suspirando e dando um pequeno soco fraco em seu ombro. — Caius... trouxe você aqui? 

Revirei os olhos mentalmente por estar sendo amigável com ele depois da nossa última conversa. Resolvi fingir que nada aconteceu, mas fiz uma nota mental de que se ele fosse babaca novamente, eu arrancaria um de seus dentes.

— Sim, ele trouxe. — Respondeu, olhou meu pescoço e pulsos com curiosidade. — Você não está usando braceletes ou gargantilha? 

Levantei uma sobrancelha. 

— Por que eu deveria usar isso?  — Reclamei olhando o objeto brilhoso em seu pescoço. — Isso é feio.

— Ah, é? Você tem mesmo bom gosto, as coisas que você me fazia usar eram mais bonitas. — Riu suspirando e levantando uma sobrancelha. — Se lembra da vez em que você me deu um rabo felpudo de raposa, e eu fiquei realmente chocado quando descobri que aquela coisa fofa era na verdade um plug an-

—  Sim, Roberval, você não precisa me dizer isso porque eu lembro. — Sussurrei com raiva. — As pessoas aqui têm uma audição boa, fale baixo! 

Ele levantou as sobrancelhas. 

— Uau, você não tinha tanta vergonha. Aliás, você não tinha nenhuma. — Riu mostrando os dentes brancos novamente, me fazendo revirar os olhos. — Essas pessoas não ligam para nós. — Falou mais sério se virando e andando para dentro dos corredores, me fazendo segui-lo. — Eu perguntei se você não usa a gargantilha ou braceletes, porque isso é o que difere as pessoas que são da família deles e nós que somos meros... acompanhantes. Eles nos chamam de Primitivos e chamam a si mesmos de Esmerados.

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora