Capítulo 43. A Casa do Bacanal

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"Eu fico acordada e assisto tudo,
Parecem milhares de olhos
Piscando sobre mim;
Eu serei a calma,
Eu ficarei quieta;
Despojada até o osso,
Eu espero"

Thousand Eyes - Of Monsters and Man

Eu nem soube como cheguei naquela mesa, nem como já haviam colocado algo para eu comer ali. Abaixei as pupilas para ver os pedaços de camarões e do purê de abóbora ao lado da geleia de pimenta. Tudo parecia ter um ótimo cheiro, também não era uma quantidade pequena como eu sempre comia nesses lugares fora de casa quando eu andava com Aiden, mas mesmo assim eu sentia vontade de vomitar.

Eu estava preocupada com o fato de que meu telefone não parava de vibrar desde que entrei naquele restaurante com Aiden, desde que minha cabeça se aquietou para processar tudo que havia acontecido apenas em um curto período de tempo.

Olhei para Aiden pelo canto dos olhos sentindo a raiva borbulhar em meu estômago. Nem me atentei para Perseu ao lado dos irmãos naquela mesa como se fosse um parente — e provavelmente poderia ser — enquanto me olhava com desprezo e prazer pela minha situação, até levantou uma taça de vinho discretamente em brinde enquanto me olhava.

Apenas Madinson não estava ali, e por um momento agradeci mentalmente.

Aiden olhava para Pietro com um sorriso enquanto respondia às perguntas dos quatro desconhecidos sentados naquela mesa, às vezes eles olhavam para mim e me lançavam sorrisos curiosos, mas eu desviava os olhos para meu colo onde estava meu celular com a tela desligada recebendo inúmeras notificações.

Seriam meus pais? Carmem? Eu não sabia, não tinha ideia.

Apertei meus dedos contra os outros e mordi o lábio. Meu coração começou a ficar desordenado, respirar estava difícil.

— Você está bem? — Perguntou Aiden aos sussurros na mesa retangular aproveitando que os demais convidados estavam ocupados demais falando com Pietro. Ele deslizou os dedos pela minha mão. — Você está trêmula.

— Você é um idiota. — Sussurrei entredentes disfarçando com um sorriso. — Por que fez isso?

Aiden me olhou por alguns segundos como quem não entende muita coisa, mas logo depois sua expressão de entendimento tomou conta do rosto bonito demais. Ele arregalou um pouco os olhos, baixou as pupilas para minhas mãos encolhidas ao redor do celular e depois apertou as pálpebras se dando conta do que eu estava falando.

— Essa merda toda nem deveria ter acontecido porque nosso contrato se resume a eu ir com você aos lugares que você quiser, mas isso nunca esteve ligado a aparecer em frente às câmeras com você e Pietro. — Falei afastando seus dedos que se aproximavam dos meus e suspirei forte.

— Amélia, eu vou te explicar o porquê. Houve um grave motivo, vamos conversar mais tard-

— Eu só não vou quebrar esse prato na sua cabeça porque eu não quero atrair mais atenção, então fique bem longe de mim antes que eu te faça passar vergonha e acabe com o resto da minha dignidade. — Sussurrei de volta. — Se afasta de mim, eu tô falando sério.

Aiden piscou os olhos, os cílios longos tremulavam, abriu a boca para falar mas logo desistiu da ideia. Suspirou afastando sua cadeira da minha enquanto me olhava pelo canto dos olhos.

Não ousei pegar meu celular que até aquele momento não parava de vibrar, notificações já estavam travando o funcionamento do aparelho.

Aiden disse que ele era invisível, que quem era famoso e importante de verdade era Pietro, mas não era o que parecia.

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora