"Experimentos e sacrilégio em nome do bem do público
Eles me ensinaram tudo, assim como um pai deveria"Rät - Penelope Scott
Eu sabia que Aiden estava me levando para a própria mansão dele, soube disso porque ele me colocou sentada sobre a cama de um quarto de hóspedes de sua casa.
Ali dentro também haviam mais pessoas correndo de um lado para o outro, e entre elas, a velha que me vestiu na comemoração. Ela estava de pé ao lado da porta do quarto com as mãos sobre o estômago onde Aiden me colocou endurecida sobre o colchão.
- Fale alguma coisa. - Ele pediu ainda segurando meu rosto e olhando para mim. Mesmo que Aiden estivesse me olhando no fundo dos olhos, eu conseguia apenas observar o teto. Minha mente estava viajando para o momento em que eu estava baixando aquele pé de cabra sobre a cabeça de Mateus de novo, de novo e mais repetidas vezes. - Por favor, diga alguma coisa. Eu preciso sair, mas não quero deixá-la aqui com esse olhar de pavor.
- Eu ficarei aqui com ela, senhor. - Murmurou a velha acariciando minhas costas.
Virei meu rosto para Aiden, pisquei os olhos observando seu rosto bonito demais. Ele selou nossas testas acariciando meu cabelo cheio, emaranhado e sujo de poeira.
- Eu vou limpar tudo para você. - Sussurrou. - Vou cuidar para que nada seja percebido.
Várias pessoas vestidas de branco entraram no quarto segurando malas vermelhas.
- Eles vão cuidar das duas feridas. A adrenalina pode não estar deixando que sinta agora, mas mais tarde pode doer. - Ele suspirou. - Sua amiga está sendo cuidada no quarto acima. Ela vai ficar bem, não fique preocupada.
Levantei as sobrancelhas e a voz de Aiden dizendo aquilo me trouxe um alívio extremo, mas não foi o suficiente. Eu queria perguntar sobre Carmem, queria perguntar como estavam tratando dela, se eu poderia vê-la, mas eu não podia abrir os lábios.
O pendrive estava escondido e bem apertado entre minha língua e o céu da boca desde que ele saiu comigo daquele prédio, mesmo quando aquelas senhoras me levaram para a banheira cheia de água espumante.
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Elas tiraram todo sangue de mim, me vestiram com cuidado e pentearam meu cabelo com delicadeza, assim como haviam retirado a bala de minha perna e os cacos de minha pele. Sobre cada ferida, eles distribuíram uma massa prateada que moldou a minha pele tão bem que parecia uma parte dela, eu tinha até tato naquela coisa.
Eu queria perguntar o que era aquilo, mas não podia abrir a boca que já acumulava saliva envolta do objeto.
- É uma pele sintética. - A mulher vestida de branco explicou. - Não é vendida ou usada aqui. Talvez em breve possa substituir suturas e costuras, enfim, toda essa coisa bruta de primitivos.
De fato eu não sentia mais nada na perna que já começava a dar sinais de vida pelos músculos e ossos.
Sentada naquela cama enorme e com as costas envolvidas pelas almofadas fofas, quatro médicos me examinaram da cabeça aos pés, me tampando com aquela pele de metal em todas as aberturas sangrentas que achavam em mim, tocando e apalpando se haviam coisas quebradas.
Eu estava limpa e com uma camisola branca de seda que acabava em rendas no alto do meu joelho, mas ainda conseguia sentir o cheiro de sangue à volta de tudo em mim, conseguia sentir o líquido grudento em todas as minhas dobras do corpo.
- Vou te deixar descansar. - Falou a mulher que acabava de encher minhas feridas com a massa prateada. As outras que escreviam coisas em tablets, mediram minha pressão, me fizeram inalação por causa da fumaça e viram meu coração bater, foram embora antes sem olhar para mim. - Eu sei que vai ser difícil dormir depois de hoje, mas... vou deixar esse comprimido aqui. É um calmante, vai te fazer dormir algumas horas sem sonhos e te ajudar a acordar melhor.
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Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}
Science Fiction{OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL} - "A sequência desse livro, "A Desolação de Amélia - Livro O2" está disponível aqui na plataforma também. - • Amélia odeia o vermelho, ela odeia sangue, tudo por causa da sua fobia pelo líquido. A...