"Luz da minha vida, fogo dos meus quadris
Seja bonzinho, faça o que eu quero!
Luz da minha vida, fogo dos meus quadris,
Me dê aquelas moedas de ouro, me dê aquelas moedas!"Off to the Races - Lana del Rey
Caius tinha uma força imensa no braço, era impressionante o modo como ele lançava as esferas de boliche e sempre derrubava todos os pinos. Ele acabava comemorando a vitória, estalando beijos nos lábios de Roberval e batendo os punhos contra os de Mateus.
Levantei as sobrancelhas e suspirei de mau humor quando Carmem sentou ao meu lado naquela mesa e me entregou uma flor de plástico.
- Você não parece estar se divertindo. - Bateu o ombro contra o meu. - Sinto muito, não sabia que ele estaria aqui.
Dei um longo gole no café já frio, coloquei a flor de plástico atrás da orelha e enfiei na boca os vários salgadinhos que comprei com o cartão de Aiden.
- Não teria como você saber, eu estou bem. - Murmurei me levantando. - Eu vou comprar balinha.
- Eu vou com você! - Ela disse se levantando também.
- Não precisa. - Dei um peteleco em seu nariz. Carmem fechou os olhos e espirrou enquanto eu ria. - Vão achar que a gente tá fofocando. Vou juntar o resto de dignidade que eu tenho, comprar as balinhas e voltar.
Carmem suspirou com a mão sobre o nariz e deu de ombros enquanto acariciava meu ombro.
Atravessei os corredores de videogames com óculos de realidade virtual e acabei na fila do balcão onde estavam oferecendo algodão doce para as crianças. Fquei ali atrás de uns oito catarrentos hiperativos esperando para poder comprar meus doces e conseguir uma nuvem azul de açúcar para estimular o único hormônio solitário de serotonina na minha cabeça.
- Moça, você não pode ficar aqui, é só 'pra criança e você já é velha. - O menino da minha frente na fila cutucou minha perna enquanto segurava uma revistinha do super homem e falava daquela forma embolada.
- Eu não sou velha. - Cruzei meus braços. - Você que é um neném.
- Eu não sou neném! - Ele fez bico e me imitou cruzando os braços. - Eu já sou grande, falo até palavrão.
- Palavrão? Garoto, quantos anos você tem? - Suspirei massageando as têmporas com o mau humor me engolindo.
- Me diga você, quantos anos você tem, sua velha?
- Eu? - Arregalei os olhos e me inclinei para olhar a criança mal educada. - Eu tenho onze, seu pingo de gente!
- Que merda! - Ele riu e pulou quando eu abri a boca e arregalei os olhos.
- E quantos anos você tem, menino mal educado?! - Apontei meu dedo para o seu rosto, ele pareceu se assustar com o tamanho pontudo das unhas que a equipe de maquiagem me obrigava a usar, mas mesmo assim sorriu como um diabo da Tasmânia.
- Eu tenho oito!
- Então que merda pra você também! - Falei, fazendo todas as crianças na fila olharem horrorizadas pra mim junto com o rapaz que estava fazendo o algodão doce e me coloquei ereta novamente. - Onde já se viu isso? Cadê sua mãe?
A criança me mostrou a língua, e foi então que eu tive certeza de que eu era um imã para crianças possuídas pelo capeta. Tudo que eu queria era meter um tapão naquela cara de ervilha, mas quando eu estava prestes a gritar mais, alguém puxou meus ombros para trás e me tirou da fila.
- Você 'tá mesmo brigando com uma criança de oito anos? - Roberval estava rindo de mim, segurando meus ombros enquanto não me deixava andar, me arrastando para longe da fila onde os pais das crianças foram até lá saber sobre a gritaria. - Eu estava te procurando.
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Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}
Science Fiction{OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL} - "A sequência desse livro, "A Desolação de Amélia - Livro O2" está disponível aqui na plataforma também. - • Amélia odeia o vermelho, ela odeia sangue, tudo por causa da sua fobia pelo líquido. A...