Capítulo O9. Sobretudo e Solidão

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"Está muito frio aqui e agora para você,
Então me deixe colocar suas mãos nos bolsos do meu suéter."

The neighborhood- Sweather Weather

 
 
Aiden tinha uma obsessão estranha por lírios.

Por todo canto da casa, acima de um móvel em uma cômoda ou até mesmo algumas plantadas em vasos de terra , enchiam a casa de branco, e o cheiro delas me incomodava.

Ele não havia mais falado comigo abertamente desde que Madison foi embora, pois naquele momento havíamos subido intermináveis lances de escadas e depois me colocado sentada em um enorme sofá, - o qual com toda a certeza era mais confortável que minha cama – e se ocupava em conversar com os advogados.

Eu deveria muito bem estar ouvindo o que eles estavam conversando, até porque aquilo era também de meu interesse, mas eu conseguia apenas prestar atenção no que eu estava fazendo naquele momento, e uma parte de mim começou a ter crises ansiosas imaginando que fazer aquele acordo com Aiden não era o certo, mas outra parte me batia com uma concha de feijão e me pedia para acordar para a vida, justamente porque logo eu estaria sendo despejada do apartamento.
Voltar para casa humilhada daquele modo não era uma opção.

— Olá? Terra chamando para Amélia? – Aiden estalava os dedos em meu rosto com o corpo curvado em minha direção na cadeira. – Você está bem? Se a sua crise de asma estiver muito ruim, posso levá-la ao médico agora. Resolvemos essa questão do contrato quando você melhorar.

— Ah, não. – Falei me levantando. – Não é isso, é que... é complicado.

— O que? – Ele me instigou a falar, sorrindo sem mostrar os dentes. Aiden tinha uma coisa estranha nos olhos. Era como se fosse um feitiço que me induzia a vomitar todas as palavras presas em minha garganta. Até meus segredos mais constrangedores tinham vontade de sair da área proibida do meu cérebro.

— É que isso tudo é muito novo para mim, eu realmente nunca pensei em fazer esse tipo de coisa. – Ele suspirou baixando os olhos. Com certeza pensou que eu desistiria, e eu também acreditei que faria isso, mas o senso gritou mais alto. – Mas já que estou fazendo, estou pensando como vai ser minha vida a partir de agora. Estou pensando sobre o que meus pais diriam de mim, mas é claro que eles nunca deverão saber disso, jamais. Imagina o que meu pai diria? Ele iria me comer com farofa, me clonar e dar meu clone ‘pra minha mãe comer como aperitivo no cuscuz, além de que-

— Ei, se acalme. - Aiden levou as mãos para meus ombros e inclinou a cabeça até chegar a ver meus olhos. Ele tinha um sorriso calmo, quase divertido.- Não quero que você se sinta desconfortável.

— Não ‘tô desconfortável. – Menti revirando os olhos. – É sério, eu estou bem.

— Você está nervosa.

— Estou, mas se você estivesse na minha situação, também não estaria? – Perguntei cruzando os braços.

Aiden sorriu se sentando ao meu lado no sofá bege. Ele parecia não se importar com os cinco advogados esperando conversando algo longe de nós.

— Estaria nervoso sim. – Falou. – Imagine dividir metade do meu dia com um homem tão extraordinário como eu? – Olhou para mim com uma sobrancelha levantada. – Acho que eu teria... como vocês dizem, um troço.

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora