Eu aprendi a diferenciar os passos de Carlos e Alina pelos sons debaixo da porta.
Carlos quase flutuava com a delicadeza que colocava os pés no chão, e antes eu não sabia realmente se ele estava me vigiando naquela porta, mas depois eu também consegui diferenciar seu cheiro de tecido novo e perfume amadeirado.
Alina tinha passos pesados, como se as solas de seus sapatos de couro fossem de ferro, e por isso fizessem tanto barulho, ou talvez ela estivesse apenas com raiva porque eu estava batendo muito na porta pedindo para abrir depois de ela reclamar tantas vezes dizendo que eu sabia ela não poderia fazê-lo.
Bem, ninguém podia entrar aqui além de Davina. Ela me vestia elegantemente com vestidos que pinicavam minha pele como uma boneca de pano para comer sozinha na mesa redonda ao lado da janela gradeada.
Aiden saberia que eu pularia dali mesmo que estivéssemos no quinto andar daquela mansão gigantesca.
Fiz cara feia e arrepiei ao arrastar meu pulso no tecido do vestido apertado e revelador demais em meu tronco. A marca de escarificação que fizeram enquanto eu dormia para selar a alma de Mateus á minha, ela ainda estava ali com a tinta vermelha e fresca, a qual não permitia a ferida se cicatrizar nunca mais, que me obrigava aprender a conviver com a dor de tê-la para sempre aberta.
Engoli em seco observando meu prato de comida desprovido de talheres. Me proibiram de usá-los depois que ataquei Mabel ao vê-la entrar no meu quarto vestida como soldado de Aiden.
Pois bem, ao menos eu ainda sabia onde estava, ao menos Aiden ainda não tinha me levado para Arcádia como prometeu fazer para oficializar aquela porcaria de casamento em uma festa.
Eu sabia que estava na Alemanha, vi o endereço das encomendas do mercado na cozinha. Estávamos na capital de Palatine, em Mainz.
- Você está sendo muito boa ultimamente. -Davina falou segurando em um dos meus braços. - Continue assim que então senhor Aiden lhe dará os talheres de volta, talvez até nos permitirá ir até o lado de fora da casa!
Ela sorriu com os dentes brancos, piscou os olhos vermelhos de dragão e ajustou o capuz preto sobre a cabeça lisa sem cabelos.
Eu sorri e dei três tapinhas em sua mão magra.
Eu iria queimar aquela casa com todos eles dentro dela.
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Eeee acabou esse primeiro livro! Aaaa eu particularmente, tô amando esse segundo, ele é meu xodózin.
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Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}
Science Fiction{OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL} - "A sequência desse livro, "A Desolação de Amélia - Livro O2" está disponível aqui na plataforma também. - • Amélia odeia o vermelho, ela odeia sangue, tudo por causa da sua fobia pelo líquido. A...