Capítulo 21. O Lírio branco e a Hortênsia azul

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"Desligue a televisão
Está começando a me assustar
Lá fora é tão barulhento
É como se meus ouvidos estivessem sangrando
O que eu estou sentindo?"

Overwhelmed - Royal


Depois daquilo, Aiden simplesmente me colocou para dentro e não deixou que eu fizesse nada além de ir até meu quarto, trocar de roupa e voltar com ele para um novo e grande carro cor de abóbora.

Ele me enfiou no veículo como se estivéssemos fugindo da polícia, colocou um par de luvas pretas e um cachecol vermelho em meu colo enquanto se sentava no lugar do motorista e colocava o cinto, ainda evitando mexer demais as mãos por conta dos cortes novos.

Observei seus movimentos esperando que ele voltasse para me olhar. Colocando suas próprias luvas vermelhas nas mãos brancas e marcadas, ajustando um cachecol preto no pescoço longo. 

Ele virou a cabeça para me olhar, sua pupila claríssima passando sobre mim.

— O que houve? — Perguntou. — Coloque as luvas, o frio vai adoecê-la.

— Não é possível que você esteja agindo assim como se nada tivesse acontecendo. — Reclamei. — Você nem se dá ao trabalho de me explicar e age como se tivesse sofrido uma lobotomia de uma hora 'pra outra.

Aiden suspirou me olhando.

— O que você quer, Amélia?

— Eu quero saber o motivo daquela garota me abraçar daquela forma, do motivo de me chamarem de semente de Lírio! — Engoĺi em seco. —  Eu… eu não conheço aquelas pessoas, mas ela agiu como se me conhecesse. Aquelas são suas pessoas, não minhas, nunca vi nenhum deles em toda minha vida.

—  Não são minhas pessoas, Amélia. São loucos da vida, como aqueles mendigos nus que gritam sobre o fim do mundo nas ruas, assim é o povo que anda com Éris. — Resmungou. — Você não tem nenhuma relação com elas assim como eu também não tenho. Quanto mais nos afastamos deles melhor, então vamos evitar de falar sobre. Você está dando muita importância. 
 
Suspirei com raiva olhando para fora do carro pela janela. 

Bem, eu poderia quando voltar para Nebulosa, pedir a Carmem para morar com ela por alguns meses. Não seria vergonhoso, conhecia aquela garota há tanto tempo que ela sabia mais sobre meu ciclo menstrual do que eu mesma.

Eu era poliglota, tinha tantos cursos técnicos que os diplomas mal cabiam dentro das pastas, sabia fazer todo tipo de coisa, era óbvio que se eu procurasse, conseguiria arrumar um emprego.

Apesar de ser uma bela cena para os meus olhos sempre que eu podia olhá-lo, Aiden estava me dando dor de cabeça. 

Mas havia algo errado, como um quebra-cabeças cujas peças estivessem confusas e alteradas para caber em espaços que não eram deles para manter o retângulo, porém a imagem estava embaralhada.

Havia algo errado, mas eu não conseguia raciocinar sobre isso.

— Você está brava? — O carro começou a andar quando ele sussurrou.

— Estou. — Respondi. — Você me deixou irritada a maior parte do tempo desde que chegamos aqui. Eu deveria ter ficado em casa.

Aiden suspirou e umedeceu os lábios olhando para frente, descendo a rua chuvosa e fria. 

—  Então se você está brava, você vai fazer aquilo mais vezes? — Perguntou me fazendo virar a cabeça para olhá-lo.

— Fazer o que? — Perguntei. 

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora