"Estou pouco me fodendo pra você mesmo
Quem foi que disse que eu ligo pra você?"Melanie Martinez - Play Date
Definitivamente andar com Aiden não seria uma má ideia.
Ele havia mesmo me levado até o restaurante de comida asiática, um lugar que eu nunca havia visto em Nebulosa.
Todo o ambiente era decorado, e tentei ignorar minha cisma com a cor vermelha, visto que as paredes, teto e chão pareciam ter sido pintadas com sangue. As luminárias triangulares penduradas acima de minha cabeça emitiam uma luz amarela, e isso me trazia calma, de fazendo esquecer por um momento que o lugar era todo vermelho.
Sim, eu não gosto muito de vermelho.
Aiden estava sem sapatos, e se sentava com as pernas cruzadas na almofada no chão, separando sempre os guardanapos para o lado de sua mão esquerda como algum tipo de mania. Parecia estar absorto em algum pensamento sério e importante demais com os olhos azuis focados na mesa de mármore preta com caminhos vermelhos.
Eu estava sentada sobre a minha almofada olhando para os lados esperando que Aiden chamasse o garçom e nos entregasse o menu talvez, não sabia bem como funcionava aquilo, mas para não ser mal educada, fiquei bem caladinha olhando para o aquário gigante que tinham na parede.
– Como eles podem ter um caranguejo tão grande dentro daquele aquário? – Perguntei alto para mim mesma, mas Aiden levantou seus olhos para mim e depois para o aquário, abrindo um pequeno sorriso.
– Mas isso não é um aquário. – Ele falou observando os peixes soltarem bolhinhas pela boca enquanto mexiam as nadadeiras. Cruzou os dedos apoiando o cotovelo na mesa e descansou o queixo acima das mãos. – É apenas um holograma.
Semicerrei os olhos tentando distinguir onde minha mente brincava comigo sobre o que era real e o que não era. Depois de perceber o projetor em uma camada interna do teto, me senti uma burra completa.
– É claro que eu sabia, só estava testando você. – Ele sorriu para mim, logo depois levantando um dos braços para acenar para um senhor de olhos puxados, que logo nos trouxe dois grandes papéis que mostravam os pratos da casa.
Olhei para Aiden por cima do papel, invejando por um momento os seus cílios maiores que os meus. Ele retirou seu olhar sério do papel e os levantou para mim, então fingi também estar concentrada no meu cardápio, porém eu não sabia nem mesmo falar o que eram as coisas escritas ali.
Acho que eu nasci para passar vergonha.
– Você quer ajuda? – Escutei sua voz e vi a ponta de seu dedo abaixando meu cardápio para me olhar no rosto.
– Me diga, o que você acha que eu gostaria de comer? – Ele alterou o olhar de mim para o cardápio e, ainda sorrindo, levantou uma sobrancelha.
– Acho que você deveria comer algo que realmente vá gostar e deixar a parte para provar coisas novas depois que estiver satisfeita. – Eu praticamente ouvi minha mãe falando. – Eu recomendo o donburi de frango. Você deve estar mais acostumada ao paladar.
– Tudo bem, donburi. Vou seguir seu conselho.– Coloquei o guardanapo no colo.
Aiden acabou comendo uma coisa que eu não ouvia muito bem ele explicando sobre, porque estava ocupada demais vendo a carne se mexer sozinha no prato dele. Eu estava encarando tanto o pedaço de peixe trêmulo no seu prato, que ele gargalhou e explicou que o peixe estava se mexendo porque havia acabado de ser morto.
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Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}
Science Fiction{OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL} - "A sequência desse livro, "A Desolação de Amélia - Livro O2" está disponível aqui na plataforma também. - • Amélia odeia o vermelho, ela odeia sangue, tudo por causa da sua fobia pelo líquido. A...