"Você achou que eu apareceria em uma limusine?
Não, tive que economizar meu dinheiro para segurança.
Tem um maluco obcecado andando para cima e para baixo na rua,
Ele diz que é Satanás e quer me conhecer"NDA - Billie Eilish
Nebulosa era o estado do Brasil considerado como "A ponta da evolução". Diversas áreas de pesquisas científicas e tecnológicas aconteciam ali, e geralmente os produtos avançados eram testados e aprovados na capital dela antes mesmo de entrar no mercado, fazendo então com que diversos cientistas e inventores se recolhessem ali, e assim o estado junto com a cidade os acolhiam, transformando a educação e aumentando a quantidade de empregos.
Nebulosa era o paraíso do país, as cidades iluminadas da evolução. Porém ainda havia abaixo dela, nos subterrâneos de Nebulosa, existia a Casa do Bacanal, o considerado inferno onde a elite que vive na capital dizia de forma preconceituosa, ser onde os viajantes dos outros estados que não conseguiam o emprego e a vida melhor que esperavam se estabeleciam, e então de forma ou de outra, os que não possuíam uma ocupação, acabavam ali embaixo.
Eu conhecia os boatos, as lendas, as coisas horrorosas que os ricos contavam com uma expressão de nojo enquanto falavam em busca de assustar seus empregados. Aquele lugar era o pior que podia existir em Nebulosa. Era o inferno, mas também diziam ser o paraíso para qualquer tipo de depravação, perversão, crime ou refúgio para criminosos. A polícia não ousava se meter ali porque era como um formigueiro, então o povo da Casa do Bacanal ficava na deles e as autoridades fingiam não ver o que acontecia ali.
Nas revistas e noticiários, dizia-se que era um local sujo e fétido com pessoas mal encaradas, tráfico e prostituição a céu aberto junto com ratos correndo pelos cantos, se embrenhando nas roupas precárias de usuários de drogas junto com cadáveres cheios de overdose se decompondo pelos cantos.
Mas eu entendi que aquele boato era proposital para afastar curiosos que pudessem ir até lá.
Todos os boatos, as lendas, tudo não parecia passar de bobagens depois que eu abri meus olhos quando a porta se fechou atrás de mim.
Eu estava completamente boba porque nunca havia visto um lugar mais incrível.
Colunas gregas, pretas e lustrosas sustentavam o local com teto cupular e alto demais. Eu não consegui evitar o suspiro ao observá-lo, ao me sentir confusa por ter certeza de que já era noite e que estava chovendo e trovejando lá fora, mas ali naquele lugar havia um tipo de animação holográfica completamente realista que até o momento eu não havia entendido como era feita.
Acima de nossas cabeças, o teto era uma simulação de uma noite estrelada, a via láctea cortava o céu daquela sala com nuvens úmidas alaranjadas se movimentando e disputando espaço, a lua cheia brilhava sobre todos ali dentro.
A mão da mulher estava quente sobre meus ombros, e empurrei o óculos que escorregava do meu nariz de volta para os olhos. Parecia um grande pecado piscar enquanto admirava aquilo, e quando uma nuvem holográfica baixa demais e longe do seu céu falso passou contra minha cabeça, senti meus cabelos se molharem com a umidade dela.
Aquele lugar cheirava a algo parecido com pipoca amanteigada, não havia nada de fétido ou desagradável. As paredes e portas naquela sala eram feitas por tecidos negros sustentados em araras entre as colunas lustrosas, e meus pés calçados de saltos apertados e altos demais, passavam lentamente entre corpos preguiçosos e sonolentos no meio de almofadas e lençóis grossos no chão fofo. Eu cogitei pedir desculpas ao pisar nos cabelos ondulados e castanhos de uma mulher, mas ela estava em um sono tão calmo que um pequeno sorriso cresceu em seu rosto enquanto sonhava com alguma coisa agradável. Ela não percebeu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}
Science Fiction{OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL} - "A sequência desse livro, "A Desolação de Amélia - Livro O2" está disponível aqui na plataforma também. - • Amélia odeia o vermelho, ela odeia sangue, tudo por causa da sua fobia pelo líquido. A...