Capítulo 12. Diabos de Ferro

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"Diabo,
Diabo com ossos de Metal,
Você tortura santos com um simples olhar,
Os faz pensar que eles sequer tiveram uma chance de defesa"

MILCK - DEVIL DEVIL

Eu estava há duas horas sentada na borda de uma das quatro fontes que havia no interior aberto da mansão.

Estava olhando os dentes do dragão branco esculpido no meio da fonte e vendo a água brilhante que saia de sua garganta.

Madinson só queria me assustar.

Eu já estava com frio na barriga com minhas paranoias sem sentido, e Madinson Grigorescu só me fez criar um monstro de sete cabeças em minha mente.

Aiden havia sumido entre a multidão de pessoas que estava quase lambendo seus sapatos com a euforia crescente, e por um momento fiquei feliz por ele ter sumido, pensando se já podia ver a fumaça saindo de meu couro cabeludo de tanto que eu estava martelando a possibilidade de Aiden ser um serial killer que matava mulheres jovens e pobres depois de seduzir as coitadas com seu charme e dinheiro.

Comecei a passar as mãos geladas pela saia do vestido amarelo, quando um de meus anéis grudou na renda do vestido. Amaldiçoando Aiden, comecei a tentar tirar o anel das linhas sem ter que rasgar o tecido e acabar ficando pelada no final da noite.

Que azar.

- Eu contei exatamente duas horas e trinta minutos em que você está sentada aqui roendo as unhas. - Um homem falou andando em minha direção e olhando para mim, a boca pintada de preto estava retorcida em um sorriso irônico. Arregalou os olhos acinzentados quando eu não respondi. - Você não fala?

- Falo. - Respondi igual a uma besta quadrada. Eu não sabia reagir a pessoas bonitas conversando comigo, e aquele homem podia ocupar o mesmo patamar de Aiden, se não um superior. Ele era tão bonito que parecia sobrenatural.

Ele ajustou o adereço metálico em forma de folhas douradas na lateral de seu cabelo preto e curto. Levantou as sobrancelhas sacudindo uma taça de espumante nas mãos.

- Se comunica com uma palavra de cada vez?

- Não. - Respondi indignada quando ele inclinou a cabeça. - Não, eu só estou entediada esperando uma pessoa. - Suspirei ouvindo de verdade o que ele havia dito. - Você não tem coisas melhores 'pra fazer ao invés de ficar encarando as pessoas?

- Essa pessoa te deixou sozinha em uma festa como essa? - Ele bebericou sua bebida sorrindo e ignorando minha provocação. - Quão descuidada essa pessoa é?

Levantei as sobrancelhas engolindo em seco.

- Eu sei me cuidar bem sozinha. - Falei puxando o anel discretamente enquanto minhas unhas alongadas não me deixavam tocar as linhas para puxar a renda dos cristais do anel.

- Estou vendo. - Ele respondeu se aproximando e colocando a taça ao meu lado, sobre a fonte. Se ajoelhou em minha frente apontando com as unhas pintadas de preto para minha confusão do anel com a seda. - Posso?

Eu não respondi quando ele segurou meu dedo e como se fosse a coisa mais fácil do mundo, retirou a linha amarela das pedras do anel.

Ao menos eu não teria que atravessar aquele salão pelada.

- Como se chama? - Ele perguntou se levantando, pegando sua taça novamente.

- Sou Amélia. - Respondi suspirando. O homem pegou uma das taças com uma bebida de cor azul que um dos garçons passava segurando nas bandejas. Ele a entregou para mim. - E você?

- Eris. - Ele respondeu levantando a sua taça. Cheirei o líquido azul da minha, doce e cítrico.

- Como a deusa do caos? - Ele mostrou os dentes brancos enquanto sorria da minha pergunta. - É seu nome mesmo?

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora