Capítulo 23. Observada de Todos os Lados

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"Pare! Do que diabos você está falando?
Tire meu lindo nome da sua boca
Não somos iguais, com ou sem isso
Não fale sobre mim como se soubesse como me sinto"

Therefore I Am - Billie Eilish 


Não tive tempo de fazer muita coisa além de me jogar para o outro lado da cama e empurrar Aiden para fora dela com os pés. Ele também foi rápido, se ajeitou e levantou antes que caísse, me olhando com as sobrancelhas formando uma ruga entre elas e a expressão ofendida. 

Carmem chegou na porta com o cabelo todo rosa, as mãos manchadas de tinta seguravam várias sacolas que emanavam um cheiro bom. 

— Eu 'tava vindo 'pra sua casa quando eu vi esse… ridículo te colocando dentro do carro desmaiada. Eu gritei por ele, mas pergunte se ele parou! — Levantei uma sobrancelha fungando, ainda sentindo o perfume dele em meu nariz enquanto ela gritava com Aiden fazendo eco no quarto.

Carmem estava com as roupas todas amassadas e dobradas no corpo como alguém que correu. Ela ofegava e apontava um dedo acusador para Aiden, que não parecia estar dando a mínima para a raiva dela.

— Aiden, você não parou 'pra Carmem? — Perguntei indignada.  — Por que?

— Eu não a ouvi. — Ele coçou a nuca desconfortável quando Carmem parecia prestes a cuspir fogo em seu rosto. 

—Eu tive que pegar um uber e vir correndo até aqui ameaçando o motorista com as minhas unhas 'pra ele vir mais rápido. — Carmem cruzou os braços e semicerrou os olhos para Aiden. — Você me ouviu sim, seu ridículo! Saiba que-

Ela se interrompeu enquanto olhava para o rosto de Aiden, o homem alto como uma porta segurando seu casaco nos braços. 

A expressão raivosa dela acabou se tornando séria e depois levantando as sobrancelhas em compreensão, abrindo um sorriso macabro indo de orelha a orelha.

— Ah… eu estava interrompendo alguma coisa? — Perguntou. 

Juntei as sobrancelhas quando ela me olhou desconfiada e depois desviei os olhos para Aiden. A marca exata de meus dedos estava avermelhada em sua jugular, e antes que eu pudesse dizer algo para não deixar o momento mais constrangedor, o homem olhou para o chão e arregalou os olhos claros.

— Eu estou... ocupado. Tenho que ir embora. — Aiden pareceu perceber e se encaminhou para a porta sem olhar para ninguém, andando tão rápido quanto o vento enquanto esfregava o queixo onde estavam meus dedos marcados. — Nos vemos depois. Amélia, repouse.

Suspirei quando a porta da sala se fechou, Aiden correu como o diabo foge da cruz. Esfreguei as minhas narinas cheias do cheiro dele ainda digerindo o que havia acontecido.

— Você já estava se preparando 'pra comer o coitado? — Perguntou Carmem. — Você não perdoa ninguém mesmo. 

—  Foi ele quem se ofereceu. Toda vez que eu toco nele, ele se derrete. — Falei enquanto Carmem colocava os sacos sobre a cômoda. 

— Hm… você vai saber contornar isso, né? Digo, se tomar um rumo que você não quer? 

— Eu estou no controle da situação, o Aiden está bem aqui. — Estendi a mão e cutuquei o centro da palma. — Mas eu não sei o que aconteceu comigo, acho que eu 'tô no meu período fértil. Ele por um momento pareceu uma fatia quente de bolo de fubá, até babei.

Carmem riu.

— Ele sabe das… — Sussurrou aumentando o sorriso malicioso e mordendo os lábios. — Das coisas que você tem no seu guarda-roupas? Foi ele quem fez sua mudança, né?

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora