Capítulo 25. As Rosas que Cheiram a Sangue

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"Você cheira como baunilha
Você tem gosto de creme de manteiga
Sinto que você está enchendo meus sentidos
Com calorias vazias"

Cake - Melanie Martinez

Eu estava arrastando o saco de ração com dificuldade enquanto Carmem enchia os potes dos cachorros presos nos retângulos  cercados. A maioria deles eram vira-latas caramelos, abanando os rabos para nós e latindo quando chegamos pretos das suas casinhas.

Carmem alimentava um canil quase abandonado que antes havia sido um açougue, pagava uma certa quantia de aluguel e comprava rações  junto com um velho senhor para manter o estabelecimento de pé e evitar que os cachorrinhos que moravam ali fossem jogados na rua ou sacrificados nas zoonoses.

Eu havia ajudado desta vez. Fizemos um grande estoque de rações, compramos trinta casinhas e camas novas, pedimos ajuda de uma clínica para fazer exames nos bichinhos e cuidar dos que precisassem de ajuda.

Eu esperava que Aiden não se importasse, nunca gastei tanto dinheiro na minha vida, mas pelos animais eu dou minha vida.

— Você já 'tá cansada, dondoca? — Começou Carmem rindo enquanto eu tentava o meu melhor para arrastar o saco de rações. — Senta ali que eu faço o resto. 

— Não, eu consigo. — Coloquei força nos braços e puxei. 

Eu estava feliz que Mateus não estava ali conosco. Desde aquele encontro maldito, já havia se passado uma semana e eu havia me encontrado com Aiden muitas poucas vezes mesmo ele dizendo "Ah, vou te ensinar a dançar." Mas nunca fazia realmente, então eu já tinha começado a perder as esperanças e aceitar que eu deveria me inscrever em alguma aula, mas o ruim é que eu não sabia qual a dança que aquelas pessoas fariam.

Quando eu estava prestes a continuar puxando, Carmem me empurrou e tomou o saco de ração para puxar ela mesma. 

— Eu me esqueci, você teve uma crise de asma recentemente. Senta lá, se eu ver você de pé, vou te jogar água. — Suspirei vendo Carmem mais alta e forte do que eu arrastando o saco de ração sem muito esforço.

— Nossa, eu 'tava parecendo tão patética assim? — Levantei a sobrancelha, sentado nas poltronas recém compradas, abrindo a garrafinha de água e dando um longo gole. — A gente vai ter que fazer uma campanha de adoção.

— As pessoas não vêm aqui, Amélia. Esse lugar é mais afastado da cidade do que qualquer coisa, sempre que eu vinha aqui era com alguém porque eu morria de medo. — Ela suspirou jogando os cabelos lisos e rosados do rosto para trás. — Pelo menos temos seus seguranças na porta.

Suspirei concordando e olhando em volta, as latas de tinta branca e verde junto com os rolos e pincéis. Estávamos planejando pintar todo o lugar nós mesmas, e sim, eu podia contratar pintores profissionais, mas seria mais divertido fazer aquilo com as próprias mãos.

— Então não venha aqui ao menos que eu venha junto. — Falei. — Vamos procurar um lugar mais perto 'pra levar os bichinhos e deixar esse lugar.

— Amélia, você 'tá falando como se fosse rica. Não esqueça que o Adão lá é que 'tá te proporcionando essa situação e que logo você vai desgrudar dele. — Carmem apontou o dedo para mim e depois para a pilha de papéis quase vazia dentro da pasta ao nosso lado. — Quando sairmos daqui, nós vamos terminar de entregar seus currículos, e dessa vez também vamos nas cidades vizinhas. 

Suspirei pegando os currículos nas mãos, umedeci os lábios imaginando se Aiden saberia que eu estava louca atrás de outro emprego e o que ele acharia disso.

Eu gostava da forma como ele me tratava, dos mimos e de todo o resto. Ele era um cara gentil, bonito pra um caralho e super gente fina, o tipo de gente que eu me apaixonaria fácil se passasse mais algum tempo junto ou se não estivesse tantas coisas me preocupando.

Amélia, Da Cor do Sangue ‐ Livro O1 {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora