Precisar

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Emma Green

Passo meus olhos pela geladeira dos sucos e fico me perguntando o que eu realmente quero aqui. Tinha saído do apartamento para não ficar no silêncio, e agora estava aqui justamente não sabendo o que estava fazendo.

Respiro fundo e ao fundo posso ouvir o sons que ouvia sempre que dormia, mas agora estava ficando pior por eu ter voltado. Tinha voltado para os Estados Unidos e não tinha deixado nada para trás.

Saio da frente da geladeira e começo a sair da loja, talvez ficar andando pelas ruas iria melhorar um pouco. Afasto uma mecha de cabelo com a mão ainda dentro casaco e tento me concentrar no sons daqui.

Os carros na rua, algumas músicas que escapam das boates, as pessoas que passam por mim conversando. Todos esses sons me fazem esquecer o som dos tiros, dos gritos, dos helicópteros.

-Emma?- ouço uma voz atrás de mim.

Paro e me viro para ver a fonte.

-Steve?- franzo as sobrancelhas.

-Soube que tinha voltado.- ele me observa.

-Na polícia?- aponto para a jaqueta da polícia.

-É.- ele sorri.- Você parece bem.

-Metade do meu pelotão morreu.- explico.- A outra metade está sem uma parte do corpo. Mas sim, estou bem.

-Emma...

-Foi bom encontro você.- mexo a cabeça.- Preciso ir.

-Espera.- ele fica na minha frente.- Eu soube que você voltou e não tinha trabalho.

-Não preciso de ajuda.- desvio.

-É algo disfarçado.- ele vem me seguindo.- Envolve com carros.

Paro e o encaro, aperto as mãos dentro dos bolsos e observo os olhos esverdeados do meu antigo parceiro no exército, ele assente e eu respiro fundo para me acalmar.

-Precisamos de pessoas que saibam lidar com carros.- ele explica.- Eu falei um pouco da sua experiência e que cresceu em uma oficina...

-Para quem?- pergunto.

-Meu chefe.- ele olha envolta.- A polícia está investigando um pessoal que se envolve em corridas. Iria ser melhor se você viesse para ter toda a informação.

-O que eu iria fazer?- ignoro o pedido.

-Informação.- resume.- Achamos que eles tem um esquema de roubos para grandes empresas de caminhões e essas coisas. E usam os carros.

-Você falou o que de mim?- percebo.

-Que viveu aqui desde criança e que conhece tanto de carro como a cidade.- explica.- Eles, os corredores, precisam de pessoas novas e você voltou na hora perfeita.

-Por que me indicou?- fico confusa.

-A gente tem uma história, Emma.- ele fala calmo.- Você precisa de um trabalho e eu sei que é boa no que faz.

-Eu vou ter que entrar lá e ficar por quanto tempo?- desvio o olhar dele.

-Até a gente conseguir pegar eles no flagra.- explica.- De alguma forma, eles sempre conseguem deletar e pegar as provas que temos. Seja objetos, arquivos e até pessoas.

-Acha que eles falariam para uma novata?- quase rio.

-Não, por isso que tem que ganhar a confiança deles.- mexe a cabeça.- Acho que é coisa de uma semana para participar das investidas dele e mais uma semana para eles confiarem em você para contar o local do ataque antes de acontecer.

De Repente Ela - 4° Geração.04Onde histórias criam vida. Descubra agora