Jake Ballard-Hunt
Encosto meu corpo no batente da porta e a observo dormir, Emma parece tão calma que não sei como vai ser quando realmente vamos conversar. Cheguei um pouco antes e vi ela rindo com as garotas, não queria deixar ela triste.
Minha mãe ia passar em algumas horas para pegar ela e levar para o condomínio, mas eu precisava falar com ela antes disso, precisava me desculpar por ter sido um idiota. Eu fiquei com raiva dela, queria que ela sofresse, queria que ela pagasse por tudo, mas não desse jeito.
Ela se mexe e me aproximo lentamente, posso jurar que seu corpo está tremendo quando chego perto e quase cai da cama antes de eu a segurar e Emma acordar de supetão. Então ela senta e cobre o corpo com o lençol em forma de defesa.
-Sou eu.- sussurro.- Sou eu, Emma.
Os olhos dela ficam mais calmos e seu rosto se suaviza mais, ela abaixa o lençol e observa minha mão em seu braço. Eu tiro rapidamente e ela se ajeita na cama enquanto não olha para mim.
-Sinto muito.- começo.- Eu não deveria ter demorado tanto.
-Tudo bem, Jake.- ela fala rouca.
-Não, não tá tudo bem.- bufo.- Eu estava com tanta raiva de você que a expulsei, foi por minha culpa que você foi pega.
-Jake, é sério. Tudo bem.- engole em seco.
-Por que não grita comigo?- franzo as sobrancelhas.
-Eu não estou com raiva de você.- ela mexe o ombro.- Você que deveria estar com raiva de mim.
-Claro que não.- balanço a cabeça.- Claro que não, Emma. Como eu ficaria com raiva de você depois de tudo que aconteceu lá dentro?
-Não fala sobre lá dentro.- ela tenta sorrir.- Eu não quero ter que ser sedada de novo.
-Ok, ok.- sento na frente dela e vejo se fica desconfortável.- Emma, eu vou fazer eles pagarem pelo que fizeram a você.- sussurro e seguro a mão dela.- Eu juro por tudo, eles vão sofrer.
-Você está com eles?- ela parece surpresa.
-Sim.- assinto.- Não vai sobrar nada deles, Emma.- meu dedão acaricia a palma da sua mão.
-Jake...- ela puxa a mão e eu fico surpreso.- Está tudo bem, mas eu não....eu não perdoei você ainda.
-Ah.- fecho a mão.- O que eu preciso fazer?
-Você acha que eu vou dizer, você vai fazer e tudo vai voltar ao normal?- ela parece frustrada.
-É assim que acontece, não?- mexo os ombros.- Você me diz onde eu errei, diz o que eu devo fazer para concertar e então tentamos voltar ao normal.
-Você é um idiota.- ela balança a cabeça.
-Eu não nego isso.- aponto.- Mas você pode me dizer o que eu devo fazer para retribuir tudo isso?
-Ah, não.- minha mãe fala atrás de mim e bufo.- Sério mesmo, Jake?
-Bosta.- murmuro enquanto me levanto.
-Eu falei, claramente, para deixar Emma quieta esses dias.- ela vem na minha direção.- E o que você faz? Hãn?
-Mãe, nós dois somos adultos.- explico.
-Vai lembrar de como é ser criança já já.- ela sorri e sei que vai me bater se eu não for.
Olho para Emma e ela desvia o olhar do meu, travo o maxilar e olho para a minha mãe, ela também não parece querer me ajudar muito aqui. Então me viro para ir embora e sinto o meu celular vibrando.
O pego e aperto as mãos vendo que o sistema que eu instalei para detectar os movimentos dele está ativado. Os dois estão acordados e agora eu posso fazer justiça com as mãos já que minha mãe não vai me deixar falar com Emma.
Só preciso de algo que vingue ela.
𑁍
Emma Ballard-Hunt
Entramos na casa de Laura e ela começa a mostrar as coisas para me distrair, até que é uma casa bem bonita no estilo daquelas casas de montanha que ficam na neve. Tem várias lareiras enormes e pisos aquecidos de granito.
-Seu quarto é aqui.- ela abre a porta e vejo um quarto enorme.- Qualquer coisa que precisar, é só me chamar.
-Obrigada.- sento na cama e parece macia demais.
-Emma...- ela senta ao meu lado.- Sei que não quer falar sobre isso e nem vou forçar você a falar.- ela acaricia minhas costas e me sinto bem.- Só quero que saiba que todas nós já passamos por algo e estamos firmes aqui. Então qualquer coisa, nem que seja algo pequeno, você me chama ou chama alguma delas, ok?
-Ok.- sorrio.
-E, quanto a Jake, ele vai saber o que fazer.- ela fala e tento não sorrir.- Ele precisa desse tempo para ter a ideia completa, mas ele vai saber o que fazer.
-Como sabe?- pergunto.
-Por que eu o criei.- ela ri como se fosse óbvio.- E se não souber o que fazer, ele me tem para puxar sua orelha.
-E como sabe se vamos voltar?- pergunto mais baixo e ela percebe.
-Isso depende de você e dele, querida.- ajeita meus cabelos.- Mas...eu realmente gosto de você. Então, mesmo se não voltarem, quero você por aqui, entende?
-Sim.- assinto.- Obrigada por tudo, Laura.
-Bem, vamos de passo em passo.- ela aperta meu ombro e levanta.- Rick vai pegar uma pizza e vamos fazer uma noite de assistir filme....- abro a boca para falar.- Não, você vai participar, não quero nem saber.
-Ok, então.- mexo a cabeça.
-Certo.- ela abre a porta.- Venho chamar você em uma hora para descer. Enquanto isso, você descansa um pouco.
Vejo ela sair do quarto e abaixo a cabeça, fico pensando no que ela me disse sobre Jake saber o que fazer para que eu desculpasse ele. Fico pensando se realmente vale a pena desculpar ele para depois quebrar a cara de novo.
Sei que não era meu posto de desculpar ele, na verdade, a família toda que deveria estar com raiva de mim. Mas eu estava me sentindo idiota também, ele tinha dito que podia me pegar antes e não fez nada, ele simplesmente não fez nada.
Talvez ele queria que eu sofresse, talvez ele queria que eu sentisse o que ele estava sentindo de alguma maneira. Só sei que eu estava achando que merecia tudo aquilo enquanto estava lá dentro, mas tudo levava a crer que eu não tinha merecido aquilo.
Eu tinha merecido aquilo?
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De Repente Ela - 4° Geração.04
RomanceJake Ballard-Hunt sempre gostou de adrenalina, praticamente cresceu na pista, um lugar criado por seus pais como ponto de corrida e negociações fixo para corredores e para mafiosos. Repentinamente, uma mulher aparece. Ela tem um plano por trás e o ú...