Briga

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Jake Ballard-Hunt

Encaro a tela do computador e apoio meus pés na mesa enquanto chupo o pirulito, estou debatendo internamente sobre descobrir onde Emma estar e continuar completamente ignorante e focar em pegar o filho da mãe que bolou todo esse plano.

Estou fazendo os contras. Emma passou meses sem falar nada e dar nenhuma pista, ela planejava passar a perna em mim, ou seja, em toda a minha família, e também tinha o fato dela ser da polícia, isso não me ajudava nem se eu quisesse.

E os prós? Ela me salvou varias vezes, mais vezes do que eu queria admitir, também é minha esposa no papel e parece que estar com ela sempre me faz querer sorrir e ficar bobo de repente.

-Jake Ballard-Hunt!- ouço um grito, é minha mãe.- Aparece agora ou eu vou arrancar você de onde está.

Me levanto e saio do quarto vendo ela subir as escadas com as bochechas roxas, seus olhos exibem uma fúria fora do normal e dou um passo para trás quando ela para na minha frente e aponta o dedo na minha cara.

-O que eu fiz?- pergunto.

-Onde Emma está?- franze as sobrancelhas.

-James contou.- minha expressão se suaviza.

-Ele fez muito bem em me contar.- ela cutuca meu peito.- Onde você está com a cabeça de esconder isso de mim? Do seu pai? Da família toda!

-Eu resolvi sozinho.- cruzo meus braços.

-Resolveu?- pergunta.- Então não vai pegar Emma?

-Não, ela que decidiu fazer isso...

-Nós dois sabemos que ela nunca iria fazer isso.- minha mãe fala.- Jake, ela nunca faria isso com nenhum de nós. Ela só precisava de uma família, de pessoas que fossem a família dela. Eu falei que éramos a família dela.

-Mãe...

-O que vai acontecer quando ela perceber que ninguém vai ir?- pergunta.- O que vai acontecer? Aquela menina não tem ninguém, Jake.

Engulo em seco e me viro, minha mãe começa a gritar comigo e entro no quarto para ir até o computador. Localizo a placa do meu carro e vejo que está em uma garagem de carros da polícia.

Minha mãe começa a ver o que estou realmente fazendo e consigo entrar na grade de horário dos funcionários. Eles tem um sistema de cinco em cinco minutos entre as trocas de funcionários.

-Podemos usar Alex para distrair o segurança e entrar para ver se tem pistas.- minha mãe fala.

-Alex não faz esse tipo de coisa.- lembro.

-Bem, não temos...

-Izzy.- olho para ela.

-Ok, mas temos que falar com ela separadamente.- ela afasta os cabelos do rosto.- Andrew não vai nem querer ouvir quando começarmos.

-Eu falo com ela e você avisa para a equipe.- fecho as abas.

-Jake.- ela segura meu braço.- Estamos fazendo a coisa certa. Sei que ela vai se explicar quando voltar.

-É.- eu limpo a garganta.- Vamos ver.

Minha mãe assente e sai e eu abro uma conversa com Izzy, lembro do favor que ela está me devendo e logo ela responde que está dentro. Izzy parece sempre animada para participar de qualquer coisa, e normalmente ela sempre é a melhor.

Então estou confiante. Podemos descobrir algo lá, geralmente eles tem uma ficha no carro que diz com quem foi apreendido e para onde essa pessoa presa foi. Espero que realmente tenha uma dessas ali.

𑁍

Emma Ballard-Hunt

-Onde eles ficam?- ele pergunta.

-Eu não sei.- sussurro.

-De novo.- ele pede.

O cara ao lado dele segura o bastão com força e bate no meu estômago, caio no chão já sem conseguir me erguer e eles me viram apenas para ele rir de mim. Então se agacha ao meu lado e o cara com o bastão pressiona o pé no meu peito para que eu fique parada.

-Você não está sendo útil, Emma.- ele fala baixo e passa os dedos pela minha bochecha.

-Talvez você deva me matar logo.- sorrio com sangue na boca.

-É, estou pensando nisso.- suspira.- Saia.

O outro cara começa a sair e tento me recuperar antes dele me virar de bruços no chão, ajeito meus braços para tentar me apoiar e sinto suas mãos na barra da minha calça. Não, não, não, eu não vou permitir que ele faça isso comigo.

Lanço meu corpo para trás e ele grita caindo no chão, então me viro e fico tonta quando me levanto, mas ergo os punhos e me apoio na parede quando acho que não vou me aguentar em pé.

-Sempre gostei de garotas selvagens.- ele começa a levantar.- Você tem algo nos olhos.

-Se você tocar em mim, eu vou matar você.- explico.- Vai doer tanto que você vai implorar para que eu termine.

-Você não parece muito ameaçadora.- ele ri.- Se eu encostar em você, é capaz de cair. Há quanto tempo não come?

-Se você quer apostar na sorte...

-Vou deixar você sozinha.- vai até a porta.- Talvez refresque sua memória ou deixe você mais....aberta para mim.

Ele sai da sala e eu deslizo até o chão pela parede, toco minha barriga e viro o rosto para cuspir sangue no chão, a sala inteira estava cheia de sangue no chão, nas paredes, na cadeira que estava no canto.

Tudo tinha meu sangue.

Fecho meus olhos e ergo a mão para ficar a cicatriz na minha bochecha, é a única coisa que me lembra o tempo mais divertido que eu passei em todos esses anos. Acho que preciso né lembrar disso com mais frequência de vez em quando.

Meus olhos vão até a cadeira e vejo que tem um preço solto na perna dela, começo a me arrastar até a cadeira e minhas mãos tremem enquanto eu puxo o prego e machuco meus dedos no processo.

Ouço alguns passos e guardo dentro da minha calça, ele não vai pensar em me tocar de novo tão cedo, então volto para o lugar onde estava e a porta abre, os dois entram e um deles me coloca de novo na cadeira e começa a prender meus pulsos e tornozelos.

-Vamos ver se você gosta de brincar com fogo...

De Repente Ela - 4° Geração.04Onde histórias criam vida. Descubra agora