Pessoal

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Emma Green

Saio do carro e caminho até o início da oficina. É enorme e cheia de carros, tem umas prateleiras bem altas cheias de produtos de carros e essas coisas. No centro tem uma recepção em círculo e tem um cara sentado na cadeira.

-Collins?- ele olha para mim.

-Sim.- assinto.

-Ok.- ele se arruma na cadeira.- Precisamos saber o que tem de errado naquele carro e calibrar os pneus daquele.- aponta.

-Eu só vou....- olho envolta.- Fazer trabalho de mecânico?

-Esperava que ia começar como?- ele sorri.

-Ok, então.- começo a tirar meu casaco.- Onde posso deixar minhas coisas?- pergunto.

-Tem uma sala com armários lá naquela porta.- ele aponta sem olhar.- Já deve ter seu nome em um.

-Obrigada.- murmuro.

Me sinto observada enquanto entro naquela sala, tem uns armários e chuveiros para se lavar. Vou até o meu e tem o códico grudado em um post-it amarelo. Abro ele e jogo minhas coisas dentro, então prendo meus cabelos e ouço um limpar de garganta.

Olho por cima do ombro e vejo uma ruiva, ela sorri para mim, não um sorriso gentil e amigável. Então se aproxima e fecho o armário na maior calma, não tenho medo dela, duvido que saiba fazer algo que eu faço.

-Vou avisar o que você precisa saber.- ela fala baixo.- James é meu, entendeu?

-Quem é James?- levanto as sobrancelhas.

-Você vai saber.- ela toca o cordão dela.- Não dê em cima dele.

-Eu vou fazer o meu trabalho.- falo com calma.

-Ótimo.- ela se afasta.- É melhor mesmo.

Vejo ela sair e ajeito minha franja antes de sair da sala, vou direto para o carro que aquele cara me falou e começo a abrir o capô. Passo um tempo olhando para o motor e vejo que está com problemas de circulação.

Puxo a manga da minha blusa até os cotovelos e começo a mexer no motor sem nenhum nojo. Faço isso desde que me entendo por gente, meu pai tinha uma oficina bem pequena e eu sempre trabalhava com ele depois da escola.

Esqueço sobre meu pai e vejo que alguém para do meu lado, juro que se receber outra ameaça, a cara dessa pessoa vai bater contra o capô. Então viro apenas o rosto e vejo que é uma mulher.

Ela tem uns quarenta para cinquenta anos, os olhos são bem astutos e tem um sorriso bem brincalhão nos seus lábios. Ela está usando uma calça jeans e uma blusa roxa, para a idade dela, é bem conservada.

-Emma, não?- pergunta.

-É.- assinto.

-Aposto que queria algo mais legal.- ela olha para o carro.

-Queria, mas entendo qual é o processo aqui.- explico.- Vocês querem confiar em mim primeiro.

-Isso.- ela assente.- Você parece bem focada, queria isso há muito tempo?

-Na verdade, não.- balanço a cabeça.

-Bom, agora que está aqui, você tem que estar focada.- ela me encara.- Ninguém pode saber o que fazemos.

-Até agora eu só vi uma oficina.- falo com um sorriso leve.

-Boa.- ela pisca.- Pode continuar aí. Qualquer problema fale com o H.- ela aponta para o cara que falou comigo primeiro.

-Ok.- mexo a cabeça.

Ela sai e eu volto minha atenção para o carro de novo, vejo de canto de olho ela sentar com H. Não foi o primeiro dia que eu esperava, mas pelo menos estou dentro do negócio, mesmo que seja muito superficial.

De Repente Ela - 4° Geração.04Onde histórias criam vida. Descubra agora