Salvar

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Emma Ballard-Hunt

Passo o dedo, devagar, pela cicatriz na minha bochecha e fico encarando a porta de metal com o olhar perdido. Não sabia mais o que pensar, não sabia mais o que estava acontecendo além de que hoje era o dia em que ele tinha dito que ia me matar.

Talvez não fosse verdade, mas não aguentava mais isso. Não aguentava mais as agressões, não aguentava mais a tortura, os afogamentos, as queimaduras, os cortes com facas super afiadas.

Engulo em seco e olho diretamente para a porta quando ouço alguém andar lá fora, abraço meu corpo com mais força e me sinto fraca. Sinto ódio por estar tão fraca, não queria morrer desse jeito, não queria morrer tão fraca assim.

A porta abre e o vejo, ele parece sorrir cada vez mais quando nos encontramos. Então ele mexe a cabeça e dois caras começam a me segurar pelos braços e me levantar com um puxão bruto.

-Aqui.- ele joga uma camisa larga em mim.- Vista isso.

Eles me soltam e eu visto a camisa rapidamente, grata por ter algo com que me cobrir. Não queria morrer nua, tinha um limite de coisas que você podia aguentar, e morrer nua não era uma das coisas que eu iria aguentar.

-Vamos dar um passeio.- ele começa e os outros me puxam.- Sabe qual é minha forma de execução favorita?

-Aquela em que você morre junto?- pergunto e ele ri.

-Não.- nos aproximamos de uma porta reforçada.- Sempre gostei muito dos enforcamentos.

Ele abre a porta e eu paro de repente quando vejo uma corda, ele sorri vendo que me atingiu e eles começam a me arrastar até dentro da sala. Então me soltam e eu fecho as mãos em punhos, até esse movimento faz meu corpo doer.

-Por favor, faça as honras.- ele joga a corda no meu braço.

-Quer que eu amarre a corda que vai me matar?- franzo as sobrancelhas.

-É um dos métodos mais cruéis de tortura.- explica.- Fazer você próprio organizar sua morte.

-Eu não vou fazer isso.- jogo a corda nos pés dele.- Achei que tinha liberdade de escolher como eu quero morrer. Tenho ao menos esse direito.

-Querida, sendo quem você é....- ele ri.- Você não tem direito nenhum. Já era para ter morrido.

-Então faça sua própria corda.- cruzo os braços.

-Ok, então.- ele começa a amarrar.- É um desperdício enorme. Você é uma garota muito determinada.

-E você é um idiota, sozinho e que gosta de falar para caralho.- rebato.

-Você não me engana, sua vadia.- ele passa a corda por um gancho.- Segurem ela....

Assim que um deles toca no meu braço, eu me viro e agarro os cabelos dele para pegar a sua arma e então passo meu braço por seu pescoço, aponto a arma para a cabeça dele e recuo até estar encostada na parede.

-Se vocês se moverem, eu atiro.- falo.

-Que desesperada.- ele ri.- Vai matar ele?

-Não duvide.- sorrio.

-Ele tem três filhos.- explica.- Tem uma esposa que acha que ele vai aparecer em casa para o jantar....

-Foda-se.- toco o gatilho.- Não me importo com esposas e crianças e jantares. Minha vida é um inferno e ele ajudou, então ele vai morrer, com uma família ou não.

-Está disposta a estragar uma família inteira?- pergunta.

-Só tem uma família que me importa.- sussurro.- E não vou deixar você controlar o modo como eu morro.

De Repente Ela - 4° Geração.04Onde histórias criam vida. Descubra agora