84.3 - OS OLHOS DO DIABO

213 38 94
                                    

Noah bateu com tanta força na mesa que uma rachadura se formou. "Ela fez o quê?!"

Elisabeth encarou a rachadura de olhos arregalados. As tias de Tyna repetiram o gesto, apesar de terem disfarçado bem melhor do que a nossa Atropa. "Colaborou com um manxúrica, talvez tenha feito alguma coisa com a magia das coroas e tiaras, ordenou matarem os Rosaceae, matou o Imperador Alexandre, deixou a princesa herdeira das Ruínas das Rosas trancada em uma prisão, e ordenou o meu sequestro".

O Rei encarou a filha, antes dos olhos se tornarem para a Imperatriz Rosaceae. A mulher suspirou, concordando com a cabeça. "Você sabe como ela é".

"Mas isso é um absurdo! Isso tudo... É um absurdo".

Valentyna, Edgar e Elisabeth se encararam. Sem o conhecimento deles, Meia-Noite, espiando graças à ajuda de um certo alguém (lê-se: Elo e uma conveniente magia de espionagem), também encarou o grupo.

Opala suspirou. "É inadmissível que tudo isso passe em branco. É por isso que nós todos – Helianthus e Rosaceae – insistimos para que vocês nos auxiliem".

"É traição! Traição! Ela deve ser presa de imediato".

"Caso isto ocorra, vai parecer mais um golpe", Helena interveio. "Opala... Deseja que isto seja exposto durante a Reunião-Geral".

"Você está louca?!", Noah prosseguira. "É impossível que qualquer um acredite nela. É... Nem mesmo consigo compreender como que você é a Opala".

"Pode ler as marcas da minha magia. Será prova o bastante".

"Não, não é isto. Eu sei bem como você é. O seu jeito nunca mudou", foi a fala do Rei Atropa, rígida. "É apenas que, de repente, Opala ressurge dos mortos afirmando que Joanne fez tudo isto e mais um pouco, e, ainda por cima, apoiando magia. Mesmo sabendo que você é ela, não consigo crer em uma situação destas, e muito menos os outros vão crer nisto".

"Eles irão acreditar caso vocês me apoiem. Reino dos Girassóis e Invólucro da Bellladonna, unidos em uma causa, junto de um feiticeiro? Deve ser porquê algo realmente absurdo e terrível está ocorrendo".

Opala... Elisabeth não acreditava como alguém conseguia ser tão determinada, apesar de tudo que já lhe houve. Desde ontem, aquela mulher escutava versões diferentes do mesmo discurso, e, de alguma forma, sempre conseguia os convencer...!

"Eles irão acreditar que o feiticeiro em questão simplesmente os ameaçou o suficiente para concordar com essa ideia absurda", foi a fala da Rainha Atropa, mas o tom era gentil. Ela não estava indignada, só... Pasma. Bem pasma, o quê era típico. Ela só perdia a calma quando o assunto eram os três preciosíssimos filhos e o marido. E também qualquer um que passava mais de cinco minutos ao seu lado...

... Ela perdia a calma por muita gente, luzes!

"Meia-Noite não tem condições, cabeça ou determinação o suficiente pra fazer uma ameaça dessas!", Edgar interveio de imediato. "A especialidade mágica dele é a cura, e ele está ocupado demais tentando não desmaiar desde que quase morreu, o quê foi ontem de tarde".

"Meia-Noite também me protegeu, mesmo quando estava se recuperando de corrupção", Elisabeth prosseguiu. "Todos que estavam lá devemos nossa segurança e talvez as nossas vidas à ele!"

"Eu sei o quê ele fez", seu pai lhe disse. "Mas ninguém vai acreditar em vocês... E, com todo o meu respeito, Helena, mas não confio em você".

A Rainha, encostada na sua cadeira, concordou com a cabeça, papéis em mãos. "O sentimento é mútuo, Noah. Ainda não me esqueci de sua pequena intervenção no Ipê".

(LGBTQIA+) O Conto do Feiticeiro MalignoOnde histórias criam vida. Descubra agora