Devo dizer... Que lugar mais interessante. Sinto o cheiro de ervas e flores. Este mundo que tanto observou opera como uma planta, e a luz de sua fotossíntese se transforma ▮▮ ▮▮▮▮▮▮▮... Muito interessante, de fato. Consigo até mesmo ver as raízes e caules que lhe sustentam. Caso eu estenda bem meu corpo, talvez possa segurar um destes espinhos. Me pergunto qual é o gosto disto. Ácido, como veneno e humor hostil? Talvez doce e com lágrimas, como uma tragédia. Ou algo a mais, que jamais provei antes, como amor. Daquela espécie pura. Dizem que uma gota seria capaz de partir o mundo ao meio. Que coisa mais deliciosa... Imagino que ▮▮▮▮▮▮▮▮▮▮▮▮▮▮▮.
... Hm... Melhor remover esta parte. Muito gráfica para humanos tão novos! Pois bem...
Um lugar tão interessante fez florescer coisas ainda mais peculiares. Esta... Base, em que seu Olhos de Fogo repousa, é onde o mal vive. Ele pulsa. É um bom candidato para iniciarmos esta... Dissecação de personagem. Ou podemos começar mais longe, nos jardins que circundam a casa amaldiçoada, talvez? Caso preste atenção, ouvirá o pulsar da criatura abaixo da terra. Ou, talvez, talvez... Oh, já sei.
Um covil. Não o principal, mas algo próximo. Um conjunto de árvores acima de um morro, fortes e grandes, onde um rapaz repousa. Se é que se pode chamar aquilo de rapaz, é claro.
Veja, bela joia. Um rapaz é um homem adolescente, jovem, moço. Uma criatura humana que ainda deve crescer. Mas aquilo? Aquilo não acreditava que cresceria. Sua mente estava tão quebrada que simplesmente pulou o crescimento. Deixou de ser adolescente, mas não era adulto, nem idoso, mas também não era criança. Tinha idade demais para aquilo.
Geralmente, se acredita que se tornar algo mais velho é bom. Adultos – talvez iguais a você – afirmam que se deve crescer. Que se deve adquirir maturidade. Mas e quando se adquire maturidade cedo demais? O que acha que acontece? Vamos, conte suas teorias. Pense. Lhe direi a resposta agora, então não prossiga caso não tenha pensado:
Trauma.
A palavra exata. T-r-a-u-m-a. Se tornar mais velho antes da hora é uma das definições disto. Uma das mais aceitas, ao menos entre quem narra, é que trauma é uma ferida, física ou mental, que se recusa à cicatrizar mesmo meses e meses após ter aparecido. E esta é uma das feridas mais perigosas. Rasga o indivíduo de dentro para fora, lembrando-o do porquê existir.
Houve um tempo que o "rapaz" acima da árvore não possuía trauma. Então, algo terrível lhe ocorreu, e as feridas da experiência surgiram. Algumas delas fingiram se curar, mas ainda doem – doem ainda mais do que os machucados que possuem cara e forma de machucado! E se recusam a ir embora.
O "rapaz", vez ou outra, tentava buscar ajuda. O médico olhou bem as suas feridas, e lhe disse apenas para tomar um remédio e colocar curativos. É assim que se faz com a maior parte delas – era um conselho sincero e preciso. Se abriu, fecha. Exceto que é um trauma, não um corte ou quebra qualquer. É uma criatura cruel que finge ser uma ferida ou machucado qualquer, e, quando ninguém vê, abre sua boca para devorar. É criatura mimada também, pois quer toda a atenção. Não se deve abrir espaço para o resto.
É como quebrar a perna: Você não conseguirá a usar até ela se curar. Mas e quando, mesmo após melhorar, ela continuar doendo? Isto vai lhe impedir de fazer algumas coisas. Dependendo da dor, você talvez nunca mais ande. Não andar causa angústia em quem podia o fazer antes. Essa angústia é ainda pior que a ferida em si, pois contamina todas as outras coisas boas que tem. A pessoa deixa de andar e a mente deixa de ser capaz de ser qualquer coisa além dessa tristeza, se esquecendo de que a vida não é sobre andar de lá para cá, mas de se sentir feliz nos lugares para onde se vai. E, algumas vezes, o indivíduo se esquece que cadeiras de rodas, bengalas e próteses estão ali para lhe ajudar.
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(LGBTQIA+) O Conto do Feiticeiro Maligno
FantasyO feiticeiro "maligno" acaba de sequestrar uma princesa por acidente! Para piorar, ele se apaixonou à primeira vista pelo cavaleiro que veio salvar ela, e, ainda por cima, ele não consegue se comunicar com qualquer pessoa! Agora, cabe à Valentyna H...