87 e meio - Ô GENTE QUE NÃO ESCUTA VIU

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"..."– Valentyna.

"..."– Edgar.

"..."– Meia-Noite.

"..."– Angélica.

"..."– Comandante.

"..."– Opala.

"..."– Helena.

"..."– Adriano.

"..."– Atalanta.

"..."– Emanuel.

"..."– A Sacerdotisa.

... – Narradora.


... – Protagonista.


... – Narrador.


"A gente deveria falar alguma coisa?", Edgar sussurrou.

"Teoricamente?", Tyna perguntou, retoricamente. "Sim. Mas olhem para eles...".


Foram ao Templo da Luz às pressas; Helena decerto estava desesperada para poder retornar ao ritmo anterior, Valentyna havia notado. E nossa princesa, com o coração acelerado e uma sensação de afobação pelo corpo inteiro, mal conseguia ficar apenas quieta, fingindo aceitar aquela situação na sua frente.

Havia sido um desafio por si só ler aquele livro sem derramar uma única lágrima. Os relatos eram crus, tal como a destruição silenciosa que a Rosa de Sangue passava. Coisas que Valentyna sabia que deveria ter estudado mais, muito antes de conhecer Meia-Noite e todo aquele caos se iniciar. Infelizmente, o que nossa querida princesa não havia notado era que não deveria ser a obrigação de uma pessoa de meros 14 ou 15 anos curar um reino inteiro.

Valentyna apenas queria ajudar, e hábitos antigos, como os de carregar o mundo em suas costas, são difíceis de serem quebrados, mesmo que fossem nocivos. Ainda acordava no meio da noite, jurando de pés juntos que o Contador de Histórias havia reaparecido. E infelizmente, nossa princesa às vezes queria que aquilo fosse verdade.

Chega, cortou-se. Precisamos focar no agora, no Girassol Dourado. Como que ele está? Ou ela... Ou elu... Não sei.

Encarou novamente o grupo. A Rainha estava com uma expressão séria e deveras fria, daquelas que diziam que ninguém deveria ao menos ousar se aproximar. Uma frieza que poderia ser apenas comparada à quando estava em situações deveras desagradáveis – como reuniões terríveis. O Rei, é claro, era o mais afetado por aquilo. Valentyna sabia que as encaradas que ele dava para a esposa não eram apenas de preocupação, apesar do passo acelerado ser por si só extremamente cansativo.

Helena e Opala haviam tido uma discussão, cuja vida durou cinco minutos. Foi à respeito do Girassol Dourado e o que deveria ser dito; nada com aparência muito diferente daquela que nosso querido Meia-Noite teve com a Rainha, dias atrás.

Atalanta refugiou-se no colo de Comandante quando aquilo ocorreu, e não saiu de lá até o momento. Emanuel estava contente usando Edgar de cavalinho, coisa que Valentyna achou deveras adorável e, obviamente, tirou uma foto. Enviou-a ao grupo da Fortaleza, após permissão do cavalheiro.

O grupo parou de andar de repente. A Sacerdotisa que ficou de lhes acompanhar abaixara a cabeça para fitar o gigantesco girassol dourado ao chão, adornado por borboletas de luz e protegido por uma pequena cerca de pedras bem-decoradas.

(LGBTQIA+) O Conto do Feiticeiro MalignoOnde histórias criam vida. Descubra agora