46. Christmas

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nyc, nova york
25 de dezembro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

Com alguns temperos especiais, o molho estava pronto. Segurei a concha e a ergui, levando sobre a palma de minha mão uma mísera quantidade que, caso agradasse o meu paladar, seria então posta sobre as fatias de frango. Cerrei minhas pálpebras por poucos segundos, degustando cada gota do molho vermelho para, enfim, desligar o fogo. O sabor era fenomenal.

Delicadamente, o molho era adicionado ao frango, tornando-o ainda mais suculento e, claro, de uma bela apresentação. Seria servido com um purê de batatas que já estava pronto, mas não sobre a mesa. Caso contrário, àquela altura Ethan o teria comido sem nem mesmo esperar o restante. Dentre diversas opções para o almoço natalino, haviam também postas de salmão ao molho de ervas – prato enviado carinhosamente pela família de Meg.

Como sobremesa, deixei que meu irmão realizasse o seu sonho em participar de alguma parte do processo. Com a ajuda de Martin, Ethan preparou um brownie, este o qual me surpreendeu. Não possuía um gosto de pedra, terra ou algo do tipo. Era realmente delicioso.

Por minhas mãos, teríamos uma torta de amoras, uma das sobremesas favoritas de Pattie, que também passaria o natal conosco.

— Você fica linda quando está concentrada. – Seu hálito quente contra o meu pescoço junto ao seu sussurro em meu ouvido me causou um arrepio repentino. Senti o loiro envolver suas mãos, por trás, ao redor de meu corpo e sorri.

Me virei, deixando sobre a pia os itens que antes eu segurava e então levando minhas mãos às suas bochechas.

— Você chegou. – Mordisquei meus lábios e em seguida me aproximei para um selinho breve. — Feliz natal, amor.

— Feliz natal. – Respondeu, com seu tom de voz terno. — Trouxe o presente do Ethan. Onde ele está?

— Lá fora, fazendo bonecos de neve com Ryan. – Afirmei, risonha.

— Ryan sempre fez bonecos de neve horríveis. – Comentou, maneando sua cabeça em reprovação. — Comprei aquele hoverboard. – Retomando o assunto inicial, ele afirmou. — Era isso o que ele queria, não é?

— Era. – Confirmei, fazendo com a cabeça um sinal positivo. — Não aguentava mais ouvi-lo falar sobre isso.

Suas gargalhadas ecoaram pela extensa cozinha que, em seguida, tornou-se o seu foco de observação. Ao estudá-la atentamente por completo, o loiro voltou a me encarar.

— Estou orgulhoso de você.

Pela primeira vez, eu não estava preparando o almoço de natal na estreita e modesta cozinha de minha casa.

Aquela cozinha era a do meu restaurante.

— Obrigada pelo o que fez por mim. – Puxei-o para um abraço caloroso e suspirei. — Também me orgulho de você.

Desde a morte de seu pai por uma parada cardíaca há pouco mais de duas semanas, notei o quão madura fora a sua forma de lidar com a perda e, principalmente, a maneira como Justin era agora livre de quaisquer traumas que o seu passado trouxe. Diante de sua força e maturidade em perdoar quem tanto o fez mal, tamanho era o orgulho que eu agora nutria por ele. Além de tudo, Justin era oficialmente o dono da empresa em que trabalhava já que, para a sua surpresa e também minha, Jeremy havia colocado em seu nome tudo o que possuía em vida.

Desde o dia em que nos conhecemos, também fui capaz de prosperar em muitos aspectos. Antes uma dançarina sem perspectiva de futuro, eu agora realizava o sonho que meu pai cultivou durante toda a sua vida.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora