13. Better He Was

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nyc, nova york.
16 de julho de 2019.

j u s t i n b i e b e r

Nos minutos antecedentes ao jogo, a atmosfera do vestiário masculino era de pura tensão. Uma temporada de treinos intensos nos preparou para aquele momento e, sendo o capitão do time, sentia que toda a expectativa concentrada nos torcedores caía, em sua maioria, sobre mim. O treinador havia, como de costume, reunido todos os garotos em uma parte do grande vestiário onde costumávamos repassar nossas estratégias sempre antes das partidas iniciarem. Sorrateiramente, me distanciei do aglomerado.

Me olhei no espelho, encarando por alguns segundos o reflexo de um garoto de dezessete anos, prestes a entrar em campo após meses treinando para aquele momento.

Mesmo sabendo que ninguém estaria lá para me ver.

— Grande Justin. - Sem tirar os olhos do espelho, observei o reflexo de Martin atrás de mim. Provavelmente seu acesso ao vestiário seria negado se ele não fosse um dos homens mais importantes que pagavam a alta mensalidade daquele colégio. Além de ser amigo de Jeremy, também trabalhava com ele.

— Eu imaginei que viria. - Esbocei um sorriso, só então me virando para o homem à minha frente.

— Ryan não parou de falar sobre esse jogo. Nem mesmo para Mavis. - Martin cruzou os braços, apoiando a lateral de seu corpo em um dos armários. — Ela não poderá vir e eu não poderia perder o jogo do meu filho. - Desde que os pais de Ryan haviam se separado, Mavis havia retornado à Massachusetts, seu estado de origem. Todos possuíam uma boa relação e ela nunca deixou de ser presente na vida de seu filho, nunca compreendi ao certo o que levou Martin e Mavis a se divorciarem.

A relação de Ryan e seu pai foi, desde sempre, baseada em uma grande amizade. Martin estava presente em todos os momentos, seja em jogos de futebol do colégio ou o aconselhando em suas piores decepções amorosas. A forma como ambos se respeitavam e se amavam deixava nítida a relação admirável que possuíam como pai e filho.

Travei o maxilar. Observei por breves segundos através da janela, as pessoas presentes naquelas arquibancadas. Me perguntava a todo instante se em meio àquelas pessoas, havia alguém presente exclusivamente por mim. Como Ryan tinha. Como Christian e Charles tinham. Como todos os garotos que iriam jogar tinham. Por um segundo, desejei que Jeremy estivesse ali, sendo para mim exatamente o pai que Martin estava sendo naquele momento.

O desejo, no entanto, foi passageiro. As razões que me levaram a odiá-lo não demoraram a surgir em minha mente.

— Escuta, Justin... Eu não vim só por causa do Ryan. - Martin passou a mão por sua nuca, parecendo escolher cautelosamente as próximas palavras que usaria. — O seu pai... Bem, ele não pôde vir. - Ao receber o meu olhar irônico, Martin suspirou. — Ele ama você, Justin. Jeremy é... Um pouco difícil de se lidar.

Dei de ombros, balançando negativamente a cabeça. Desviei novamente o meu olhar e soltei um riso nasal, com um leve toque de sarcasmo. Martin e Jeremy eram, assim como Ryan e eu, amigos de infância. Essa era a maior razão pela qual Martin estava sempre tentando fazer com que eu odiasse menos o crápula que, para a minha infelicidade, era o único responsável por mim desde que minha mãe havia partido.

Antes que eu pudesse, como de costume, ressaltar o fato de que suas tentativas não fariam com que eu gostasse de meu pai, Martin voltou a falar.

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