47. Wedding

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nyc, nova york.
15 de fevereiro de 2020.

a n g e l i n a p r i c e

O grande dia havia chegado.

O reflexo no espelho a minha frente mostrava-me agora uma mulher que, há alguns meses, eu sequer sabia sobre a existência. Uma mulher madura, forte e persistente e, a cima de tudo, livre – esta era a mulher que agora dava início a uma nova etapa de minha vida.

Minhas mãos deslizaram por toda a extensão do majestoso vestido rico em detalhes florais e cintilantes. Contendo pouco mais de dois metros, o véu caía perfeitamente sobre minhas mechas parcialmente soltas. Em meu rosto, a maquiagem era leve, porém luminosa. O brilho da sombra em minha pálpebra era de perfeita harmonia com o iluminador aplicado em minhas maçãs, bem como o gloss de tom levemente rosado em minha boca.

— Você está linda. – As palavras de minha mãe foram o estopim para que as lágrimas em meus olhos, enfim, descessem.

— Ah, mãe. – Com a voz embargada, a abracei. — Eu estou tão nervosa.

— Não fique. – Serena, ela aconselhou. — Ele te ama, Angel. Vocês serão muito felizes.

Ainda que eu acreditasse em sua afirmação, conter a ansiedade era de um tremendo óbice. Minha garganta estreitava-se em um nó a cada tentativa falha de calmaria, além de um enorme frio na barriga e tremedeira em minhas mãos. Mordisquei meus lábios no instante em que direcionei o olhar ao relógio fixo à parede; apenas alguns minutos me separavam do grande momento.

— Ansiosa? – Seus olhos brilharam em êxtase diante de seu questionamento.

A ansiedade tomou-me as palavras. Apenas assenti, tensa.

— O seu buquê. – O arranjo de rosas brancas fora cautelosamente entregue em minhas mãos enrijecidas pela tensão. Inspirei profundamente, logo liberando o ar em meus pulmões através de minha boca. – Está pronta?

O turbilhão de sentimentos em meu peito travavam uma batalha pelo protagonismo; eu era incapaz de dar à minha mãe uma resposta imediata. Apenas longos segundos após, meus lábios enfim se curvaram para emitir o som da palavra que, uma vez dita em um determinado momento, mudaria a minha vida para sempre.

Sim. – Afirmei, e desta vez era a convicção que possuía voz.

Entrelaçando meu braço no de minha mãe, caminhei em estreitos passos rumo à saída da sala onde nos encontrávamos – esta que mais parecia um requintado camarim. Ao deixá-la e, finalmente, pisar sobre a grama macia que cobria toda a área externa do clube, senti um arrepio percorrer meu corpo por inteiro.

Não apenas por todo o nervosismo que tomava-me o peito, mas pela beleza do cenário que meus olhos contemplavam. O verde da grama ganhava a luminosidade dos fios de led junto à graça das flores em tons de branco sobre a maior parte da decoração. No céu, a mescla de tons rosados e alaranjados anunciavam o majestoso entardecer do início da primavera.

Era mágico.

Perdida em meio a poesia da vista a qual eu tive o privilégio de desfrutar, despertei ao sentir minha mãe acariciar delicadamente o meu pulso em um ato simbólico. Mesmo que meus olhos fossem repletos de lágrimas, sorri.

E então a música começou a tocar.

A melodia dos instrumentos de corda aclamava a minha chegada, fazendo consequentemente com que todos ali presentes se levantassem de seus assentos e direcionassem sua atenção a mim.

De repente, seu olhar encontrou o meu.

E ele estava tão, tão lindo.

Ao passo que seus fios loiros eram perfeitamente alinhados em um topete, o tom marcante de preto em seu terno monocromático era acentuado pela prata de seu prendedor de gravata. O dourado de seus olhos era ainda mais reluzente; Justin chorava.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora