9. June 25, 1999

3.4K 200 763
                                    

nyc, nova york.
25 de junho de 2019.

j u s t i n b i e b e r

Da janela de meu quarto, eu observava a rua. Vi minha mãe abrir a porta de seu carro logo após guardar seus pertences no porta-malas, mas hesitou em entrar. Ao invés disso, olhou para cima e encontrou o meu olhar sobre ela.

Coloquei minha pequena mão no vidro da janela, sentindo as lágrimas rolarem por minhas bochechas. Ela não estava longe o suficiente para que eu não percebesse suas lágrimas, no entanto, isso não a impediu de partir.

— Mamãe. - Sussurrei para mim mesmo, só então sentindo a mão pesada de meu pai sobre meu ombro.

— Sua mãe nunca gostou de você, Justin. - Seu tom de voz era frio. — Nunca gostou de nós.

Me virei para ele, visto que já não havia mais nada lá embaixo. Ela havia partido.

— Mentira! - O choro havia feito com que meu grito fosse trêmulo. — A culpa é sua! Toda sua! - Gritando, eu tirei sua mão de meu ombro e então comecei a empurrá-lo. Obviamente, a força de uma criança não é nada comparada a de um homem adulto.

Foi então que sua mão se chocou contra meu rosto, num estalo que ecoou por todo o quarto. Levei minha mão à bochecha, que ardia devido ao tapa e o encarei, com ódio em meus olhos.

— Sua mãe foi embora por sua causa, Justin. - Meu pai possuía um tom de voz tão frio quanto seu olhar. — E ela nunca mais vai voltar. - Meu pai se aproximou de mim. — Nós seríamos muito mais felizes se você não tivesse nasci... - Foi então que o interrompi.

Com um cuspe em seu rosto.

— Eu te odeio. - Murmurei entre dentes. Apesar de já saber o que estava por vir, naquele momento, eu não tinha medo. Eu tinha ódio, apenas ódio.

Em questão de segundos, senti outro impacto em meu rosto, dessa vez por um soco que me causou o dobro da dor que eu havia sentido antes.

Aquele dia refletiu em muitas cicatrizes presentes em meu corpo hoje.

O céu nublado de Nova York representava bem o meu estado de espírito naquele dia. Com um copo de whisky em minha mão, eu me encontrava parado em frente às enormes janelas de vidro de meu quarto que seriam responsáveis por uma iluminação natural potente, se a neblina não estivesse cobrindo o céu.

Levei o copo à minha boca novamente, sentindo o líquido queimar minha garganta enquanto descia. Minha outra mão estava situada no bolso de minha calça moletom e eu não usava camisa.

O dia vinte e cinco de junho era, anualmente, o dia mais desagradável para mim. Obviamente, eu não fazia questão alguma de demonstrar isso para qualquer pessoa, no entanto, a diferença era notável. Era sempre o dia em que eu não aparecia no trabalho, o dia em que eu mal falava com alguém, o dia em que eu só almejava uma única coisa: ficar sozinho.

No entanto, quando ouvi o som da maçaneta se abrindo, me dei conta de que nem todos sabiam disso; e eu já sabia exatamente quem era a desinformada.

— Uh... Senhor Bieber? - É claro, não podia ser outra pessoa.

Permaneci exatamente como me encontrava antes, e Angelina interpretou aquilo como uma deixa para entrar em meu quarto. Não a respondi; queria ver até onde ela iria.

— Bem... Eu estava com a Liz.

É claro que estava. Você é a babá dela.

— Amber saiu agora a pouco e me disse que você... Bem, que o Senhor não trabalharia hoje. - Eu não precisava encará-la para saber que o fato de eu estar sem camisa a desconcentrava. — Liz me disse que não gostaria de ser incomodado hoje, mas eu pensei que talvez vocês pudessem passar um tempo juntos. Ela me diz que sente a sua falta.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora