17. Overturn

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nyc, nova york.
21 de setembro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

O dia seguinte à uma noite de farra era um estágio avançado de sofrimento.

Com a ajuda de forças sobrenaturais, eu me mantinha de pé, encarando meu reflexo no espelho à minha frente enquanto escovava os dentes. Minha aparência era, no mínimo, questionável. Meu cabelo mais parecia um ninho de mafagafos e manter meus olhos completamente abertos seria provavelmente a tarefa mais difícil daquela manhã.

Após escovar meus dentes, senti que a única coisa que poderia me renovar e retirar os vestígios da noite passada seria um bom e longo banho gelado. Suspirei, me despindo e em seguida adentrando ao box. No instante em que liguei o chuveiro e senti as gotas de água fria percorrerem todo o meu corpo, foi como se também estivessem levando embora um enorme peso. Conforme os minutos se passavam, eu me sentia cada vez mais renovada.

Após quarenta minutos, desliguei o chuveiro e deixei o box. Retirei o excesso de água de meu cabelo usando minhas mãos e em seguida o excesso de água de meu corpo, utilizando uma toalha. Enrolei a mesma em volta de meu corpo e sequei meus pés no tapete, logo deixando o banheiro.

Com pouco mais de três passos, já estava em frente a porta de meu quarto. A abri e, uma vez dentro do quarto, a fechei e caminhei em direção ao guarda-roupas, abrindo duas de suas portas.

Ponderei sobre o que vestir. Na verdade, não havia muito o que escolher e nem mesmo um motivo especial para isso. Após recusar grosseiramente a proposta de Justin na noite anterior e desistir de meu emprego naquela boate antes mesmo de começar, aquele seria mais um dia em que eu permaneceria em casa.

Momentos da noite anterior tomavam minha mente naquele momento. Era fresco em minha memória o momento em que Justin, com sua soberba, me falou sobre trabalhar para ele. Minha resposta? Um copo de gin arremessado contra sua camisa. Meu único remorso se devia ao fato de se tratar de uma Givenchy.

Pude ouvir as risadas altas de seus amigos, também ficaria apenas para rir de sua reação se não tivesse ficado tão ofendida. Eu logo imaginei que ele não descansaria enquanto não me convencesse, por isso fui embora com uma garrafa de Jack Daniels, logo após dar breves explicações para Megan.

Inspirei, balançando negativamente a cabeça afim de espantar os pensamentos relacionados à noite anterior. Vesti uma blusa de alças finas preta, junto a um short da mesma cor cujo o tecido era perfeitamente colado em meu corpo. Fechei as portas de meu guarda-roupa e deixei a toalha sobre a cadeira próxima a mim, já cheia de roupas sobre as quais eu sempre dizia o clássico "mais tarde eu vou arrumar".

Deixei meu quarto, franzindo o cenho enquanto caminhava pelo corredor. Ethan tagarelava mais que o normal e a voz que o respondia me era familiar.

— Você sabia que uma vez a Angel fez xixi na cama? Ela volta igual um zumbi quando sai com a Meg. Toda derrotada, coitada. Um dia ela... - Antes mesmo que eu pudesse repreendê-lo arremessando uma almofada contra seu rosto, meus olhos foram de encontro a silhueta à sua frente. De repente, parei de prestar atenção em suas palavras.

Meus olhos foram de encontro ao loiro, que se encontrava parado, de pé, em frente ao sofá. Justin nunca perdia sua pose séria, autoritária e rígida, mas, ainda assim, ele possuía um pequeno sorriso ouvindo as baboseiras que Ethan dizia.
Ao me ver, esperei que ele parasse de sorrir. Que sentisse o que eu senti no exato segundo em que o vi ali.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora