48. Harry

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nyc, nova york.
22 de agosto de 2020.

a n g e l i n a  p r i c e

— Pode deixar, John. Eu mesma cuido daquela mesa. – Assegurei ao garçom, que assentiu e direcionou-se a outro cliente.

Ainda que o peso da barriga de nove meses de gestação provocasse dificuldade de locomoção, eu insistia em frequentar o meu restaurante sempre que podia. Naquela noite, o Harry's encontrava-se da maneira como eu sempre sonhei; repleto de pessoas.

Desde sua inauguração há pouco mais de oito meses, não havíamos recebido críticas negativas, o que me tomava o peito em alegria. Além de funcionários extremamente competentes e qualificados, eu possuía também as melhores companhias que alguém poderia ter; dentre elas, a morena da mesa nove.

— Boa noite, senhora. – Com um sorriso sarcástico em meu rosto, a saudei. — Como posso ajudá-la?

— Se sentando para tomar um suco comigo, por favor. – Respondeu. — Se não for incomodar, é claro. Afinal, não sou digna de me sentar para uma conversa com uma celebridade, sou? – Entregando seu celular em minhas mãos, Megan curvou os lábios em um sorriso radiante.

Minhas fotos para a campanha da nova coleção de lingeries da Victoria's Secret estampavam a tela do celular. Boquiaberta, me deparei com a enorme proporção que as fotos haviam tomado. A coleção era um sucesso.

— Meu Deus! – Exclamei, contendo ao máximo um grito. — Meg, quando elas saíram? – Me sentei à sua frente, esbaforida.

— Há menos de uma hora. – Afirmou, segurando uma de minhas mãos em um ato afetuoso. — Estou tão orgulhosa de você.

Na gravidez, me descobri uma grande refém dos hormônios. Bastava uma única palavra de afeto para que as lágrimas começassem a brotar e, naquele instante, não fora diferente.

— Ah, por favor. – Meg suplicou. — Eu vou acabar chorando também. – Afirmou em um tom de voz já trêmulo, provocando gargalhadas de minha parte. — Sabe, parece que foi ontem que você me contou sobre o seu primeiro dia trabalhando para a Amber e, meses depois, você tem o restaurante que tanto sonhou e as grandes marcas demonstram interesse em você. – Eu assentia em silêncio, em uma tentativa de conter as lágrimas que insistiam em descer. — E você vai ser mãe, Angel! – Exclamou. — Mãe da garotinha ou do garotinho mais lindo e amado do mundo inteiro.

Mordisquei meu lábio inferior, levando uma de minhas mãos até a barriga. Havia optado por descobrir o sexo do bebê apenas na hora do parto e, confesso, aquela decisão me tirara o sono durante todo o período. A ansiedade era crescente.

— E você esteve comigo durante todo o tempo, não é? – Recordei, emocionada.

— É claro. Mesmo quando você me dava raiva. – Provocou, arrancando-me novamente algumas risadas. — Como por exemplo, agora. Você não deveria estar aqui com uma barriga deste tamanho. – Resmungou.

— Eu estou bem, Meg. – Bufei. — Só estou sentindo algumas dores, mas nada grave.

A morena cerrou os olhos em uma expressão de reprovação.

— Espere até Justin descobrir que você não está em casa de repouso.

— Ele tem trabalhado tanto. – Afirmei em um suspiro. Sabia o quanto ele se esforçava para se fazer presente, mas o seu trabalho tomava dele bastante tempo.

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