10. Predictable

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nyc, nova york.
25 de junho de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

O toque de seus lábios nos meus me levou de volta àquela noite; sua mão em minha cintura me puxando para mais perto de seu corpo me causou arrepios incontroláveis e, por uma fração de segundo, senti como se não houvesse nada além de nós. Nossas línguas estavam em perfeita sintonia, tal como nosso desejo. Desejei que aquele momento não acabasse.

Mas acabou.

E então a realidade veio à tona, junto a meu desespero. Amber estava atrás daquela porta.

Se há segundos o toque de Justin me proporcionava uma incrível sensação, naquele momento estar em sua presença me fazia querer desaparecer. Minha garganta estava seca e, minhas mãos, suadas. Encarei o loiro à minha frente, inevitavelmente denunciando o meu desespero com o olhar.

Com seu olhar indiferente, Justin parecia não ter um terço de minha preocupação. Quando o mesmo destrancou a porta, tive certeza disso. Me perguntei mentalmente se ele não tinha noção do que estava acontecendo, ou do que poderia acontecer comigo.

— Bebê, você demorou. - A voz manhosa da loira ao vê-lo me causou uma enorme vontade de revirar os olhos. O sorriso sumiu de seu rosto assim que a mesma me viu ali. — O que está fazendo aqui? - Amber perguntou, com as sobrancelhas arqueadas e seu característico ar de superioridade.

— Uh... - Lancei um breve olhar para Justin, engolindo em seco e logo voltando a encará-la. — Eu vim perguntar ao Senhor Bieber se ele poderia passar um tempo com Elizabeth. Ela me diz que sente falta, bem, de vocês dois.

Recebi uma risada irônica como resposta.

— E não é para isso que você está sendo paga? - Seu tom de voz era carregado de deboche. — Nós não podemos viver em função da Elizabeth.

Apesar de ter sido quase impossível, consegui controlar minha vontade de dizer que minha função deveria ser cuidar de Liz na ausência de seus pais, e não ser a responsável por sua criação já que Amber e Justin não dão à ela a atenção que merece.

Antes mesmo que meu desprezo por Amber fosse despertado, Justin interviu.

— Você queria falar comigo? - O loiro franziu o cenho, sem demonstrar qualquer tensão com a situação em que nos encontrávamos.

Desde meu primeiro dia aqui, notei algo em Justin; não demonstrar sentimentos era, provavelmente, sua maior característica. Na maior parte do tempo, ele possuía a mesma expressão neutra em seu rosto, o que me deixava intrigada. Era quase impossível saber o que se passava em sua cabeça.

— Sim. - Propositalmente, a loira empurrou meu ombro ao passar por mim. — Apenas com você. - A ênfase na primeira palavra dispensou qualquer ordem para que eu deixasse o quarto.

— Com licença. - Murmurei, deixando o cômodo não sem antes lançar um breve olhar para o loiro, que também possuía seu olhar direcionado para mim.

— Amor, você não precisa fazer tanto drama. Esqueça o que aconteceu, foi há tanto tempo. - A frase de Amber me fez parar no corredor. Minha curiosidade superou a minha vontade de sumir de perto dos dois. — Sabe, nós poderíamos nos divertir um pouco hoje.

Olhei rapidamente para trás, notando que agora a porta do quarto estava fechada. Em passos lentos, me aproximei o suficiente para ouvir. Eu tinha total consciência de que aquele assunto não dizia respeito a mim e que o melhor que eu poderia fazer seria voltar ao trabalho, porém, não pude resistir. Justin era como uma caixa trancada à sete chaves e encarei aquilo como uma oportunidade para saber ao menos um fato sobre sua vida pessoal.

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