26. Trust

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nyc, nova york.
15 de outubro de 2019.

Ás vezes o coração vê o que é invisível para os olhos
Tudo o que tem que fazer é ouvir seus sentimentos mais profundos
Eles nunca mentem.
{trust - justin bieber}

a n g e l i n a p r i c e

Me deparei com a escuridão da sala principal logo que entrei no apartamento. Dias após o ocorrido, àquela altura o ambiente possuía um melhor aspecto se comparado ao seu próprio estado há uma semana. Ainda que alguns elementos fossem ausentes - certamente os que Justin destruira no ápice de sua compunção - o que havia restado da decoração era harmonicamente metódico.
Tranquei a porta com uma de minhas mãos; a outra segurava um presente.

Me direcionei as escadas, aflingindo-me pela caligem que me rodeava. Compelindo minha limitada visão devido a ausência de luz, cuidadosamente subi cada degrau enquanto segurava o presente que comprara a Justin.

A razão pela qual eu havia ido embora na manhã posterior à madrugada em que passei aqui era simples, ao passo que também intrigante. O loiro pareceu mudar da água para a vodca no instante em que acordei e pude vê-lo, às sete, virando uma dose e me pedindo para que eu o deixasse. Contraditório, levando em consideração o fato de que nas horas antecedentes ele me envolvia em seus braços como se fosse aquela a sua última oportunidade para ter-me ali.

Não voltara desde então. Ao invés disso, passei os últimos sete dias forcejando por produtividade em meu trabalho - sem a presença de Justin e William, este que provavelmente não voltaria a trabalhar lá - e ruminando o acontecimento que eu ainda me recusava a crer. Ao passo que William possuísse valores questionáveis, Amber era certamente uma má pessoa. Eu me via aflita a cada vez que pensava sobre como estaria Elizabeth apenas sob os cuidados de sua mãe.

Naquela noite, entretanto, não eram meus sentimentos os protagonistas. Minha presença se dava a angústia que me tomava desde o primeiro momento em que conheci o seu, provavelmente, pior lado.

Estava ali porque queria cuidar dele.

Meus passos me levaram a diversos lugares daquele enorme apartamento porém, ainda assim, a lugar nenhum. Andava, parava. Olhava aqui, ali.

Não o encontrava.

Até o momento em que parei em frente ao seu quarto. Embora fosse onde eu estivera há pouco, minha intuição me levou a crer que eu não havia o analisado com cautela. Adentrei o cômodo após girar lentamente a maçaneta. A princípio, não identifiquei resquícios de sua presença. Uma fração de segundo após, pude ouvir baixos ruídos à frente, notando que vinham de seu banheiro. Me aproximei de sua cama, deixando sobre o colchão o seu presente. Notei garrafas de bebidas alcoólicas vazias ao lado de sua cama.

Caminhei até o banheiro de sua suíte, estando mais certa a cada passo de que o loiro estava ali.

— Justin? - Chamei, não obtendo resposta.

Receosa, abri delicadamente a porta. Mordisquei meus lábios, só então tendo a visão de Justin em sua banheira cheia, com espuma em abundância. Ao observá-lo atentamente, notei que o mesmo estava desacordado.

— Justin? - Chamei, sentindo meu peito doer em preocupação. — Justin, acorda. - Me aproximei rapidamente, dando leves tapas em sua bochecha.

Minha respiração começou a falhar. Senti minhas mãos começarem a suar, indicando o pânico que começava a tomar-me.

— Só estou de olhos fechados, Angelina. - O loiro murmurou, abrindo seus olhos e me encarando em seguida.

Suspirei profundamente, aliviada.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora