24. All Bad

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nyc, nova york.
7 de outubro de 2019.

a n g e l i n a p r i c e

— Obrigada. - Entregando o valor exato da corrida em suas mãos, murmurei em agradecimento ao taxista que há pouco estacionara próximo ao majestoso prédio que, há meses, eu não visitava.

Deixei o táxi em breves segundos, sentindo um sutil tremor tomar minhas pernas logo que meus pés encontraram o chão. Olhei para trás, observando o carro amarelo se tornar, a cada segundo, mais distante. Fixei novamente meu olhar ao grande prédio à minha frente. Engoli em seco e inspirei profundamente, caminhando em passos receosos em direção à sua luxuosa portaria.

Uma vez dentro do edifício, a elegância da nobre arquitetura da qual era composto aquele ambiente ainda me impressionava, ainda que por um bom tempo aquele lugar fora parte de minha rotina. Caminhei pelo sofisticado chão de mármore reluzente pelos cristais do lustre no teto, parando em frente ao familiar concierge, este que lançou sobre mim todo o seu olhar de desprezo em meu primeiro dia aqui, como mera aspirante à babá.

Para a sua surpresa, dessa vez eu era uma visitante.

— Boa tarde, me chamo Angelina Vaughn Price, já estive aqui. Estou indo ao apartamento... - Em um breve desvio de olhar, uma figura chamou minha atenção, fazendo até mesmo com que eu interrompesse minha fala. — William? - Sussurrei, incrédula, notando que naquele momento todos ali presentes seguiam o meu olhar.

O homem caminhava em minha direção, tendo como foco as portas logo atrás de mim. Engoli em seco; William possuía seu rosto marcado por graves ferimentos e seus olhos carregavam desonra, esta que ao meu ver revelava, claramente, que aquelas feridas não foram feitas por acaso.

A breve presença do moreno deixou ali um ar de tensão capaz de dobrar minhas preocupações. Sussurros de indagação ecoaram pelo ambiente, enquanto eu pensava somente em uma coisa.

Senti minhas mãos suarem.

Desejei, arduamente, estar errada.

— Senhorita? - A voz do concierge dirigida a mim pareceu, naquele instante, insignificante comparada a intensidade de meus pensamentos. No entanto, esta foi a que me fez acordar de meu pequeno transe.

O encarei, com um olhar vazio. Àquela altura, William já havia deixado o edifício, deixando ali apenas os vestígios de especulações a respeito de seu estado. A cada fração de segundo, a certeza sobre o que acontecera se tornava maior.

— Preciso subir. - Murmurei, questionando-me se minhas palavras haviam sido audíveis. No entanto, não aguardei uma confirmação.

Corri. Corri em largos passos em direção ao elevador social que não era distante. Tive sorte; poucos segundos foram necessários até que o mesmo estivesse em meu andar após o toque. O adentrei, pressionando repetidas vezes o botão interno responsável pelo fechamento imediato das portas logo que ouvi os gritos do homem com quem eu falara há pouco.

Sentia como se a tensão presente em mim fosse o enorme peso o qual aumentava a cada andar avançado. Temia sobre o que acontecera a ele.

Não entendia ao certo o porquê ou como, mas meu peito era marcado por uma angústia a qual eu tinha a mais absoluta certeza que Justin também sentia.

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